Por Nunah Alle e Laio Rocha/Mídia NINJA
Cidade de São Paulo marca mais um dia de manifestações nas ruas pelo Fora Temer e Diretas Já
Quem achou que o povo iria arrefecer sua luta com o passar dos dias, notou que o movimento é contrário: cada dia mais gente vai às ruas protestar por seus direitos e principalmente por democracia. O governo ilegítimo de Michel Temer, nomeado a partir do último dia 1, sofre com mobilizações sociais durante todos os dias de seu “mandato” efetivo, e novamente viu 60 mil pessoas, de acordo com a organização, ocuparem as ruas de São Paulo exigindo sua saída do cargo.
Organizada pelas Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, a manifestação contou com a participação de diversas figuras da política nacional, como os candidatos à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad (PT-SP) e Luiza Erundina (PSOL-SP), além do Senador Lindbergh Farias (PT-RJ), Vanessa Graziottin (PCdoB-AM) e do postulante à câmara legislativa da cidade, o ex-senador Eduardo Suplicy. Todos eles discursaram no carro de som.
A Avenida Paulista, ou Avenida Fora Temer, foi tomada por manifestantes, que expressaram mais uma vez a pluralidade do coro pela democracia. Homens, mulheres, crianças, trabalhadores, juventude, LGBT’s, negros e negras, todos unificados pelo “Fora Temer! Fora Cunha!”. O Presidente da União Paulista dos Estudantes, Emerson (Catatau) deu o recado dos jovens: “Mais uma vez a juventude vem se colocar para dizer que nós somos contra o Temer, contra a retirada de direitos dos trabalhadores e, nesse momento, é fundamental que a gente possa construir uma saída, e que essa saída seja pela decisão do povo”.
As mulheres, que vem ocupando fortemente as ruas contra Cunha e Temer, reafirmam que o golpe é machista e ataca frontalmente a luta pela igualdade de gênero. A candidata a vereadora e militante do Juntos, Sâmia Bonfim, destaca: “A gente sabe quando tem um governo como o governo Temer são as mulheres as primeiras atingidas pelas suas medidas, e eu acho que é por isso que a repressão contra as mulheres nos atos é tão cruel, por que eles querem tirar a gente dos espaços públicos.”. Porém, apesar das inúmeras tentativas de impor retrocessos às mulheres, a palavra de ordem: “nem recatada e nem do lar, a mulherada tá na rua pra lutar” segue como uma das mais cantadas nas manifestações.
A manifestação de hoje contou com um forte apelo pela cassação do Dep. Federal Eduardo Cunha, inimigo nº 1 das mulheres, jovens e da classe trabalhadora; envolvido em diversos escândalos de corrupção será julgado na Câmara na próxima segunda-feira (12). O Dep. Federal Ivan Valente (PSOL) declarou: “Temos certeza que 99% do povo brasileiro quer o Fora Cunha e amanhã ele será cassado em Brasília e espero que em menos de uma semana ele esteja em Curitiba preso”.
O ato pacífico e permeado por lutadores e lutadoras abrilhantava mais uma vez o domingo aberto, quando as primeiras repressões policiais começaram. Sem nenhuma justificativa, a Polícia Militar de São Paulo abordou manifestantes de maneira agressiva e arbitrária apenas por estarem usando máscaras. Cerca de quatro pessoas foram detidas, dentre elas um fotógrafo e uma menor de idade. Nota-se no vídeo que houveram agressões por parte da polícia e também, na condução das mulheres não houve acompanhamento de policial feminina.
Parlamentares e condutores do ato desceram do carro de som para tentar diálogo com a PM e impedir a detenção dos manifestantes, o Senador Lindbergh Farias indignado com a postura repressiva destacou: “Não respeitam o voto popular, não respeitam o direito de se manifestar. Vamos acionar a justiça internacional.” Os detidos foram levados à 78º DP e estão sendo acompanhados por jornalistas, advogados, defensores públicos e também pelo candidato à vereador Eduardo Suplicy.
Apesar de mais um episódio lamentável protagonizado pela PM o povo decidiu permanecer nas ruas e seguir com o grandioso ato “Fora Temer! Fora Cunha!”. Manifestantes marcharam com muita resistência até o Parque Ibirapuera exigindo soberania popular, para que a população tenha o direito de decidir os rumos do Brasil pós-golpe.
Próximo ao encerramento, a cultura veio firme mostrar que também quer a saída do presidente golpista, se apresentaram hoje “O Teatro Mágico” e a cantora “Tiê”, que se somaram à luta dos movimentos sociais desde o início do processo de impeachment. Foram milhares hoje nas ruas, mais um domingo de luta e resistência popular. O povo segue dando o recado que não será fácil para os golpistas a escalada pela retirada de direitos. O grito a favor da democracia e pelas Diretas Já!, apontam uma nova jornada de lutas, que irá reescrever as páginas da história do nosso país.