Em dois anos, doença matou mais de 11.300 pessoas, a maioria delas na Guiné, Libéria e Serra Leoa. Especialistas alertam que risco persiste porque vírus permanece no corpo de sobreviventes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quinta-feira (14/01) o fim da epidemia de ebola na África Ocidental, com a Libéria sendo o último país declarado livre da doença.
“Hoje, a OMS declara o fim da epidemia de ebola na Libéria e afirma que todas as cadeias de transmissão conhecidas na África Ocidental foram interrompidas”, afirmou a instituição em Genebra.
Iniciada em dezembro de 2013 na Guiné, a epidemia propagou-se depois para os vizinhos Libéria e Serra Leoa, três países que concentraram 99% dos casos, bem como para a Nigéria e o Mali.
Em dois anos, o vírus da doença, identificado pela primeira vez há quatro décadas, chegou, importado, à Espanha e aos Estados Unidos, tendo afetado 28.637 pessoas e matado 11.315 delas.
O balanço, que a OMS admite estar ainda subavaliado, é superior a todas as epidemias de ebola acumuladas desde a identificação do vírus na África Central, em 1976.
Após Serra Leoa, em 7 de novembro de 2015, e Guiné, em 29 de dezembro, a Libéria chegou nesta quinta-feira ao 42º dia – o que equivale a duas vezes mais do que o período máximo de incubação – depois de um segundo teste negativo no último paciente.
No entanto, o risco persiste porque o vírus permanece em líquidos corporais de sobreviventes, principalmente no esperma, onde pode subsistir por até 12 meses. Segundo a OMS, há 1.200 sobreviventes na Guiné, 5 mil em Serra Leoa e 4 mil na Libéria.
Na quarta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, admitiu a possibilidade de o vírus poder reaparecer nos próximos anos, mesmo que a sua amplitude e frequência devam diminuir com o tempo.
“Devemos permanecer mobilizados”, alertou Peter Graaff, diretor da OMS para a epidemia do ebola.
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