Duas perguntas foram fundamentais para a convocatória deste quarto encontro: Como recuperar o significado profundo da educação, do ato de ensinar, para cada um de nós? Esse significado será aquele que se encontra relacionado com a vocação? Ou seja, com aquilo que cada um pode contribuir para expressão de um novo olhar capaz de construir um novo sentido na ação educativa. Ao finalizar o Encontro cada participante compartilhou suas reflexões e vivências, e é a partir delas que elaboramos estas conclusões.
Durante o transcurso das três jornadas, quando se realizaram áreas temáticas, exposições, audiovisuais, oficinas experimentais, conversas e intercâmbios informais sobre nossa ação educativa, experiências internas na Sala de Meditação e na Ermita do Parque de Estudo e Reflexão Punta de Vacas, chegamos a respostas de grande significado para essas indagações colocadas no começo. São conclusões que compartilhamos entre os assistentes, educadores, provenientes de países como México, Chile, Brasil, Bolívia, Argentina, Paraguai, Perú, Hungria, Moçambique, Itália, França, Turquia, entre outras latitudes tão distantes, mas que conjugaram uma diversidade que nos enriqueceu, nos sintonizou, para além dos diferentes idiomas, falando um mesmo idioma universal. Porque o intercâmbio de experiências, a interconexão, quando se desenvolve esse tipo de comunicação mais profunda, é gerada uma energia muito maior.
Como educadores, sentimos que se acendeu algo muito grande a partir de uma profundidade interna muito grande. Acreditamos que quando voltarmos aos nossos lugares, estaremos diferentes por termos vivido estas experiências. Pelo fato de compartilharmos a convicção de querer mudar o mundo mediante esta rede da qual somos parte é que se acabará construindo o novo tecido social. Cada um de nós contribui a partir de nossa atividade particular em cada disciplina educativa onde nos expressamos, onde continuaremos tecendo nesta harmonia dinâmica, porque queremos viver em um mundo melhor desde já.
Percebemos, graças ao encontro com pessoas de diferentes latitudes, a expressão clara de uma nova sensibilidade nas diversas culturas e países do planeta. Sensibilidade que há 30 anos muitos julgavam uma loucura, mas que agora está se desemvolvendo em todas as partes do mundo. Isso nos dá muita confiança de que este novo mundo já está nascendo com força. Há milhões de pessoas desenvolvendo atividades na educação, a partir da não-violência, a não-descriminação, horizontalmente. Como dizia Silo – a quem agradecemos pela sua obra, sua mensagem e seu legado –, a nova sensibilidade já está nascendo, e há muito que aprender com essas novas gerações que transformarão ao mundo. Sabemos que nos dá plenitude trabalhar com as novas gerações e temos a certeza de que a Copehu é uma via de expressão desta nova sensibilidade, que pode surgir em cada ser humano quando resgatamos o aspecto humano e lhe damos força.
Este mundo ao qual aspiramos já está aquí, o outro mundo velho já está caindo, não é preciso fazer nada para que caia, porque eles mesmos o fazem de modo perfeito, nesse sistema que é uma casca de algo que já morto, que não funciona mais. Por isso sabemos que continuar potencializando este encontro e outros encontros possíveis, faz com que a gente vá sentindo este mundo, que, mais do que construí-lo, podemos vivê-lo desde já, em cada lugar.
Transitamos nestes dias por uma atmosfera de inspiração que nos deu muita força para nos expressar em nossos âmbitos educativos, para interagir com as crianças e com toda a comunidade os significados inspiradores que sem dúvida irão para além do aspecto educativo, e chegarão a esse ser humano que o necessita em diferentes campos.
Acreditamos que é necessário alimentar o fogo e deixar que tudo se desenvolva. É como uma pedra que cai na água, faz ondas e se desdobra… e isso volta.
Foram jornadas onde nos enchemos de presentes para distribuir agora em cada lugar onde poderemos transmitir uma boa notícia, nesta sociedade tão densa de ceticismo, tanta frustração. Pode ser a voz de algo que dá a luz, que dá a esperança, nos enche de sentido, nos dá a força e a vontade de levantarmos a cada manhã. Nesta legião de sentido, é como se alguém sinalizasse teu lugar na “batalha” – pra usar uma metáfora bélica -, e saber qual é o teu lugar na batalha, não pouca coisa. Roçar o sentido é saber que existe uma possibilidade, é vencer a morte em um pequeno ato e alcançável. Porque sabemos que o simples também transforma.
O que se aprendeu neste IV Encontro Internacional o registramos como o bom conhecimento que nos acompanhará todos os dias, um registro que se expande como se fosse a esfera que cresce a partir do peito e renova o espírito. Estamos transitando por um caminho que é escolhido, alguns vão mais lentos, outros não, mas, claramente vamos em uma mesma direção humanizadora da educação. Vamos adiante!
Amanhã regressamos ao nosso trabalho educativo, e amanhã agradeceremos a todos os educadores portadores dessa intenção transformadora. Agradeceremos às cordilheiras, ao rio, ao vento, que nos deram o ambiente que nos inspirou para subir o degrau, esse nível que nos conecta com as novas gerações que tranformarão o mundo. Porque amanhã nos reencontramos com essas crianças, muitas delas sofrem uma realidade muito crua, a quem lhe coube o pior. Portanto, amanhã, quando abraçarmos as crianças, nos sentiremos com mais força. Muitos de nós somos professores dentro do sistema formal e percebemos realidades muito duras.lutar para trasformar essa dura realidade que têm as crianças e as famílias onde trabalhamos, após as experiências vividas e as ferramentas aprendidas, sabemos que é possível.
Corrente Pedagógica Humanista Universalista (Copehu)
Corriente Pedagógica Humanista Universalista (Copehu)