O Acordo de Minsk entre Rússia e Ucrânia é considerado a última tentativa de impedir uma prolongada e imprevisível guerra civil na Ucrânia. O “Processo de Minsk”, que se desenvolve na capital da Bielarússia, é uma aposta de alto valor feita pela Europa.
Alemanha e França, por seus máximos mandatários, são co-mediadores do processo e lastros de peso para sustentar e dar credibilidade internacional ao acordo. O objetivo principal é a cessação das hostilidades entre ucranianos pró-Rússia e as forças do governo de Kiev, na disputa por cidades e territórios no Leste do país.
Nesse tabuleiro geopolítico, a memória de invasões passadas é vívida. Memória que remonta à Primeira e Segunda Guerras, além da própria Guerra Fria. A Rússia balança entre voltar a ser a grande Rússia ou amigar-se com a União Europeia. Com o petróleo em baixa e enfrentando sanções econômicas dos EUA e da UE, Putin concorda em negociar. Mas nunca se sabe o quão sua presença vinculará os rebeldes da Ucrânia, ou se cumpre protocolo político-diplomático para mostrar boa vontade.
O que está em jogo? A estabilidade da Europa, tanto para evitar uma guerra contra uma potência nuclear, quanto para prevenir uma crise energética, já que a Rússia fornece gás e petróleo para muitos países europeus, incluindo a Ucrânia e a Alemanha. Moscou já incorporou a Crimeia, e não retrocederá nessa aquisição. Um passo atrás, nesse momento, seria estratégico para preservar e estabilizar o que foi, segundo Putin, “reavido”.
A solução de armar a Ucrânia é publicamente descartada, embora haja simpatizantes dessa saída, em que os EUA são os maiores defensores. Mas isso só alimentaria o armamentismo, que cresceria também do outro lado, e provocaria ainda mais o urso moscovita e sua percepção de avanço ocidental e americano numa área de vizinhança muito próxima.
Minsk não é apenas uma saída, é a própria saída. Além dele, o caminho está salpicado de iminentes enfrentamentos e de inevitáveis emboscadas.