Com votação simbólica, deputados pedem que Executivo da França reconheça oficialmente território palestino como Estado independente. Israel protesta que pleito prejudica processo de paz na região.
A câmara baixa do Parlamento da França aprovou nesta terça-feira (02/12), por maioria absoluta, uma resolução pelo reconhecimento da Palestina como Estado independente. Com esse passo simbólico, não vinculativo para o governo francês, os parlamentares pedem que o Executivo reconheça oficialmente a Palestina como unidade estatal e, consequentemente, acelere o processo de paz entre Israel e palestinos.
A moção, apresentada pela maioria socialista da bancada, foi aprovada com 339 votos contra 151. A oposição conservadora justificou seu voto contrário: dada a atual situação tensa no Oriente Médio, ela teme que a violência possa se espalhar pela França, que abriga as maiores comunidades muçulmanas e judaicas da Europa.
Em princípio, o governo socialista em Paris apoia o Estado palestino, mas afirma ser cedo demais para um reconhecimento oficial. A França, que é membro com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, quer primeiro que se reiniciem as conversações de paz.
O ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius, pleiteou uma nova iniciativa pelo processo de paz na região, com um cronograma definido de dois anos. Caso as negociações falhem novamente, Fabius garantiu que a França reconhecerá “imediatamente” a Palestina como Estado independente.
Israel: votação prejudica processo de paz
O governo israelense contrapôs que o resultado do pleito parlamentar francês prejudicará o processo de paz. “Israel acredita que a votação na Assembleia Nacional vai reduzir a possibilidade de alcançar um acordo entre Israel e palestinos”, declarou em comunicado a embaixada do país em Paris.
Decisões como esta endurecem a posição palestina e enviam uma mensagem errada para o povo e os líderes da região”, prosseguiu o órgão de representação diplomática. “A solução para o conflito será alcançada apenas com conversas honestas e diretas entre as partes, e não com medidas unilaterais tomadas por uma das partes ou por terceiros.”
O primeiro país da Europa Ocidental a reconhecer oficialmente o território palestino como Estado foi a Suécia, no fim de outubro deste ano. Além disso, nas últimas semanas, os parlamentos britânico, irlandês e espanhol também realizaram votações, com resultados semelhantes aos alcançados pela assembleia francesa.
A Alemanha também é a favor de uma configuração de dois Estados para solucionar o conflito no Oriente Médio. Porém o governo federal alemão – que se sente particularmente comprometido com Israel, devido aos atos do regime nazista – só pretende reconhecer a Palestina quando a existência de Israel estiver garantida em contratos.
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