Comitê de especialistas considera uso de substâncias não licenciadas defensável diante da epidemia atual, que já matou mais de mil pessoas. Declaração vem após EUA autorizarem envio de soro experimental para a Libéria.
Um comitê de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou nesta terça-feira (12/08) o uso de substâncias experimentais contra o ebola, considerando-o defensável diante da epidemia atual.
“Perante as circunstâncias da epidemia e sob reserva de que determinadas condições sejam cumpridas, o comitê chegou ao consenso de que é ético oferecer tratamentos não homologados, cuja eficácia não é conhecida, nem os seus efeitos secundários, como tratamento potencial ou a título preventivo”, declarou a OMS em Genebra.
Os especialistas reiteraram que os pacientes devem ser informados e ter o direito de decidir livremente se querem ou não ser tratados com drogas não licenciadas. Dados sobre pacientes tratados devem ser coletados e compartilhados para que se aprenda sobre a efetividade e a segurança das substâncias, completaram.
Nesta segunda-feira, os Estados Unidos haviam autorizado o envio de uma droga experimental contra o ebola para o tratamento de dois médicos na Libéria infectados com o vírus, informaram fontes do governo liberiano. “A droga experimental deverá ser trazida para o país por um representante do governo americano no final desta semana”, diz o site da presidência da Libéria.
Com a aprovação pela Casa Branca e pela Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês), os médicos liberianos devem se tornar os primeiros africanos a receberem doses do Zmapp, um soro desenvolvido pela empresa californiana Mapp Biopharmaceutical.
Os dois americanos que já receberam doses do remédio continuam em tratamento num hospital de Atlanta, nos EUA. Já o padre espanhol Miguel Pajares, que havia recebido autorização para usar o Zmapp neste domingo, morreu nesta terça-feira em Madrid. O missionário de 75 anos – o primeiro europeu infectado pelo vírus – havia sido transferido da Libéria para a Espanha na semana passada.
Fontes do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (HHS, na sigla em inglês) afirmaram que autoridades americanas apenas colocaram o governo liberiano em contato com a fabricante do remédio. “Como a droga foi enviada para uso fora dos EUA, foi necessário seguir os procedimentos apropriados de exportação”, disse um representante da HHS.
Nesta segunda-feira, a Mapp Biopharmaceutical declarou que o estoque de ZMapp foi esgotado depois do envio da droga para um país da África Ocidental. Mas de acordo com o ministro da Informação, Lewis Brown, a Libéria receberá apenas o necessário para o tratamento dos dois médicos infectados.
Mais de mil pessoas já morreram desde o início do pior surto de ebola da história, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela OMS, que já trata a epidemia como um caso de emergência internacional de saúde pública.
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