Berlim, 26 jun (Prensa Latina) Seis semanas após a libertação de militares do exército alemão e de outros estados membros da OTAN no Leste de Ucrânia, foi revelado que os integrantes da missão de observação tiveram contatos com serviços de inteligência.
Em resposta a uma interpelação da deputada socialista Heike Haensel, o ministério alemão de Defesa confessou que o serviço militar de inteligência dos Estados Unidos (CIA), solicitou informações detalhadas dos soldados alemães.
Tratam-se de dados “que vão além do que se espera em um relatório oficial”, afirma uma carta do Ministério, à qual a Prensa Latina teve acesso.
Esta confissão do Ministério confirma as versões de milícias federalistas do leste de Ucrânia que acusaram os militares de serem espiões.
Os observadores militares foram detidos durante uma semana no final de maio no Leste de Ucrânia por grupos de autodefesa sob a acusação de espionarem para os serviços ocidentais.
O grupo era formado por três membros do exército alemão, um tradutor e um militar da República Checa, um da Dinamarca e um da Polônia, respectivamente.
Enquanto que os políticos e a imprensa alemã nomeavam os membros do grupo como “observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa” (OSCE), um alto servidor público desta organização, Claus Neukirch, desmentiu que se trate de uma missão da OSCE.
As revelações atuais fazem parte de uma série de reportagens na mídia sobre as ligações dos observadores militares com serviços de inteligência.
Dois dias após o regresso dos membros da missão da Ucrânia para este país, o jornal Suddeutsche Zeitung falou sobre a preparação dos observadores por parte do serviço secreto do Exterior da Alemanha, o Bundesnachrichtendienst (BND).
No mesmo dia, a agência de notícias alemã informou que os observadores alemães normalmente apresentam seu relatório ao BND após regressar a este país.
A possível entrega de informações ainda mais detalhadas à CIA estadunidense teria uma nova dimensão política.
Por sua vez, a deputada Haensel criticou novamente a política de Berlim diante da crise na Ucrânia.
“Já é um escândalo que os membros desta controversa missão apresentaram um relatório oficial, enquanto aparentemente tinham compilado mais informações que vão para além do declarado”, afirmou.
Estas revelações fortalecem as críticas contra a missão “que não tinha nada que ver com a OSCE”, destacou.
“Eu exijo do governo alemão que recuse o pedido da CIA estadunidense para não destruírem ainda mais a credibilidade da OSCE”, concluiu.
Segundo informações obtidas pela Prensa Latina, o tema será debatido na Assembleia Parlamentar da OSCE que será realizada entre os dias 28 de junho e 2 de julho em Baku, Azerbaidjão.