Durante décadas o Estado não reconheceu a favela como parte integrante da cidade, negando aos seus moradores direitos básicos. Hoje depois de 3 anos de ocupação da segurança pública no Complexo do Alemão, percebemos que ainda temos um longo caminho a seguir na garantia de direitos, uma vez que, o braço do Estado que mais entra na favela é o braço armado. Sem  escola não há pacificação, sem saúde não há pacificação, sem saneamento básico não há pacificação, sem lazer não há pacificação. O símbolo da paz no Rio de Janeiro  não podem ser as armas, a pistola, o fuzil e os blindados.

Nas ultimas semanas, as manchetes dos jornais foram tomadas por matérias sobre os conflitos que acontecem cotidianamente nas favelas com a ocupação policial – as UPP´s, sobretudo no Complexo do Alemão. Junto com as manchetes veio as declarações do secretário de segurança pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, que apresentou a opção de ampliar a militarização como possível solução para os problemas. Parece que ao seu ver, toda solução de conflito passa pela ampliação da presença da polícia e de outras forças militares no território.

Entendemos que esta perspectiva precisa ser mudada, uma vez que,  é possível perceber que  só a presença da polícia nos territórios ocupados não tem trazido a paz. Existem vários casos, em favelas com UPP de abuso de poder, arbitrariedades e desaparecidos, como é o caso do Amarildo , na Rocinha; e de jovens assassinados por policiais como : André de Lima Cardoso, 19 anos, Pavão-Pavãozinho; José Carlos Lopes Júnior,19 anos, morador de Sao Joao; Thales Pereira Ribeiro D’Adrea, 15 anos, Morro do Fogueteiro; Jackson Lessa dos Santos, 20 anos, Morro do Fogueteiro; Mateus Oliveira Casé, 16 anos, Manguinhos; Paulo Henrique dos Santos, 25 anos, Cidade de Deus; Aliélson Nogueira, 21 anos, Jacarezinho; Laércio Hilário da Luz Neto, 17 anos, Morro do Alemão e Israel Meneses, 23 anos, Jacarezinho. Nesta política não podemos deixar de citar os policiais mortos na ação suicida do Estado. Não aceitamos essas mortes, nenhuma vida vale mais que a outra e é preciso que o Estado se responsabilize. Afinal qual é a paz que queremos promover? A paz bélica ? A paz militarizada?

Nesse domingo, 16, a capa do jornal extra anunciava que os moradores de favela tinham ido as ruas se manifestar a mando do tráfico e estariam recebendo dinheiro para isso. Mais uma vez a grande imprensa tem sido uma ferramenta de criminalização dos movimentos populares e da favela. Repudiamos totalmente a forma com que os meios de comunicação tem feito a cobertura da ação da polícia no Complexo do Alemão e em outras favelas. Entendemos que o morador de  favela não pode ser visto como um inimigo. O governo diz que as favelas estão pacificadas, mas então porque tanta arma ostentada pela polícia? Queremos mais diálogo entre os moradores de favela e  a segurança no território, queremos a liberdade de ir e vir, queremos mais escolas, saneamento básico para morador ao invés de teleférico para turista, queremos a garantia do direito de expressão onde o baile funk se insere, não queremos a violação do domicílio sem mandato. Entender as demandas do Complexo é simples, entender as demandas da favela é simples , porque o papo é reto.

As  propostas de “PAZ” devem ser construídas coletivamente com toda a favela. Não se constrói uma politica de paz, com o pé na porta, agredindo gratuitamente seus moradores, não se constrói paz com caveirão. No atual modelo, “independente de quem manda”, os moradores continuam sem ter sua voz ouvida.Temos a consciência que o pobre tem seu lugar.

publicado por Agência de Notícias das Favelas

 

Instituições que já assinaram

Ocupa Alemão

Instituto Raízes em Movimento

Alemão de Notícias

Complexo do Alemão

Educap

Jornal Voz das Comunidades

Pré vestibular comunitário Nova Brasília

Mulheres de Atitude -AMA

Verdejar Socioambiental

Descolando Ideias

O Coletivo PACAL- PROTETORES DOS ANIMAIS DO COMPLEXO DO ALEMÃO E ADJACÊNCIAS

Grupo Pensar

Fase

Família de José Carlos Lopes Júnior

APAFUNK

Porque eu quis

Favela não se Cala

IDDH
Mães de Maio

Rede Universidade Nômade

O Cidadão

Fórum Social de Manguinhos

Fórum Rede da Juventude

Coletivo Mariachi

Favela em Foco

Norte Comum

Observatório de Favelas

Observatório de Conflitos Urbanos

Agência de Redes para Juventude

Ibase

O Instituto de Formação Humana e Educação Popular/ Cpo Gde

Fala Roça

Marcha Mundial das Mulheres -MMM

Núcleo MMM

Coletivo Rosa dos Ventos

Comissão de Direitos Humanos da OAB

Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência

Biblioteca Chico Mendes

Coletivo Vô Pixá Pelada

Coletivo Vinhetando

Rio Na Rua

Grupo Teatro da Laje

Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ

Surbanitas

Coletivo Projetação

Rede Mapping the Commons

Projeto Green Go

Rede Contra Violência

Pontão Eco UFRJ

MediaLab.UFRJ

Justiça Global

Mídia Ninja

Núcleo Socialista da Tijuca

Linhas de Fuga

Cinemão

Coletivo PaguFunk

Centro de Mídia Indepente do Rio de Janeiro -CMI-Rio

Comitê Contra o Genocídio da Juventude Preta Pobre da Periferia da Grande São Paulo

Tribunal Popular: o Estado Brasileiro no Banco dos Réus

Movimento Paraisópolis Exige Respeito

Fórum Popular de Apoio Mútuo

Mandato Marcelo Freixo
Centro de Assessoria popular Mariana Criola
CEDECA-RJ Centro de Defesa da Criança e do Adolescente
GTNM-RJ Grupo Tortura nunca mais
PACS Instituto de Políticas Alternativas para Cone Sul
DPQ – Movimento Direito pra quem
RAESP – Rede de Apoio a egressas e egressos do Sistema Prisional

Coletivo Margaridas Ambulantes

Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes

Arteiras

Rede de Instituições do Borel
Ocupa Borel
Comunidade Apostólica Cristã Gileade Tijuca
Advogados ativistas de SP

Fora do Eixo

Coletivo SUBURBAGEM

Fórum Comunitário do Porto

Coletivo do Mov. Negro Antirracista e Anticapitalista Círculo Palmarino

Mídia Independente Coletiva, MIC

Tem Morador

Coletivo Das Lutas

Coletivo Desentorpecendo a Razão

Núcleo de Comunicação do Rap da Saúde

Agência de Notícias das Favelas