Enquanto catalães dizem que consulta atende a uma demanda popular, Madri garante que iniciativa é ilegal e não vai ser posta em prática. Crise econômica fomentou sentimento separatista na região.
O governo da Catalunha anunciou nesta quinta-feira (12/12) que o referendo sobre a separação da região, hoje uma comunidade autônoma, será realizado em 9 de novembro. Madri, porém, reagiu imediatamente ao anúncio, classificando o referendo como ilegal.
O anúncio foi feito pelo chefe do governo catalão, Artur Mas, que divulgou também quais serão as perguntas a serem respondidas na consulta: “Você quer que a Catalunha seja um Estado? Em caso afirmativo, quer que seja um Estado independente?”
Os quatro partidos políticos que acertaram a data e as perguntas do referendo somam 88 dos 135 deputados do Legislativo regional catalão. No entanto, a proposta enfrenta a oposição das duas grandes legendas do país: o Socialista, de oposição, e o Popular, do presidente do governo (premiê) espanhol, Mariano Rajoy.
“Essa consulta não vai acontecer. É inconstitucional e não se vai ser realizada”, disse Rajoy em entrevista coletiva junto ao presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy. “Não vou autorizar nem a negociar sobre algo que é propriedade de todos os espanhóis.”.
Com 7,6 milhões de habitantes, a Catalunha é uma região industrial no nordeste da Espanha – a mais forte economicamente e também a que acumula mais dívidas. O antigo sentimento separatista aumentou notadamente nos últimos anos, especialmente por causa da crise econômica e das diferenças entre os governos catalão e central sobre como lidar com o endividamento.
As tensões entre Madri e Catalunha cresceram nos últimos anos. O governo central acusa o chefe de governo da Catalunha de fomentar o ódio e a divisão na Espanha.
“Acreditamos que, com isso, honraremos essa demanda popular, para que a população possa se expressar”, afirmou Artur Mas à imprensa.
As mais recentes pesquisas de opinião revelam que a maioria dos catalães é a favor de uma consulta popular. Levantamentos sobre uma possível separação da região diferem bastante, com índice de pessoas favoráveis variando de 31% a 54,7%. Em 11 de setembro, dia nacional da Catalunha, mais de cem mil pessoas foram às ruas pedir a independência.
Autoridades da União Europeia já afirmaram que, caso a região se torne independente da Espanha, terá que deixar o bloco.
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