Além de Angela Merkel ou Dilma Rousseff, a Agência de Segurança dos Estados Unidos (NSA) terá tido outros telemóveis de líderes mundiais sob escuta. O jornal britânico “The Guardian” avança que terão sido 35.
Um responsável da administração norte-americana terá transmitido os contactos telefónicos de 35 dirigentes mundiais à NSA, escreve o jornal britânico a partir de informações recolhidas nos documentos desviados por Edward Snowden.
Segundo avança o “The Guardian”, alguns documentos, que seriam confidenciais, encorajam os dirigentes da Casa Branca, Senado e Pentágono a passar os seus contactos de forma a que a NSA tenha os números de telefone dos dirigentes políticos estrangeiros no seu sistema de vigilância.
Cerca de 200 números terão sido partilhadas com a agência de segurança e, desses, 35 pertenciam a líderes mundiais, escreve o jornal, que, no entanto, não avança nomes.
Um facto que vem provocar ainda mais tensão neste caso das escutas dos Estados Unidos, depois de a chanceler alemã Angela Merkel ter falado com o presidente norte-americano Barack Obama por suspeitar que o seu telemóvel esteve sob escuta entre outubro de 1999 e o último mês de julho.
Antes, já a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e o actual e antigo presidentes do México, Enrique Pina Nieto e Felipe Calderon, respectivamente, haviam mostrado o seu desagrado por alegadamente terem sido escutados pela administração norte-americana.
Jay Carney, porta-voz da Casa Branca, recusou-se esta quinta-feira comentar “acusações específicas”. Na sua conferência de imprensa diária, recusou-se a responder à pergunta se os serviços secretos norte-americanos espiaram no passado o telefone de Merkel e argumentou que o Governo não vai falar publicamente sobre isso. No entanto, admitiu que os episódios que têm vindo a público, como o de Angela Merkel, provocaram “tensões” na relação com alguns países, mas garantiu que estas questões são tratadas por via de canais diplomáticos.
Na quarta-feira, o mesmo porta-voz havia dito que os Estados Unidos “não vigiam e não vigiarão as comunicações da chancelaria”.
Esta quinta-feira ainda, à margem da cimeira europeia que decorre até hoje em Bruxelas, Angela Merkel discutiu o assunto com o presidente francês François Hollande. Ambos reafirmaram o carácter inaceitável da existência de escutas pelos EUA.