Brasília – A líder oposicionista birmanesa Aung San Suu Kyi, de 68 anos, recebeu hoje (22), em Estrasburgo, na França, o Prêmio Sakharov, que lhe foi atribuído há 23 anos. Ela pediu aos europeus que ajudem a Birmânia a concluir o processo de democratização. O país está sob regime militar desde o começo da década de 90 do século passado.
O Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, criado em 1985, é uma homenagem a pessoas ou organizações que lutam em defesa dos direitos humanos e da liberdade. Suu Kyi iria disputar o cargo de primeira-ministra da Birmânia em 1990, mas, antes da eleição, foi posta em prisão domiciliar pelo regime militar instituído no país, e ficou nessa situação por 15 anos. Desde então, Syy Kyi é um símbolo de desobediência civil e luta pela liberdade e pela democracia. Em 1991, ela ganhou o Prêmio Nobel da Paz.
Suu Kyi foi recebida com aplausos no Parlamento Europeu, onde recebeu o prêmio do presidente da câmara, o alemão Martin Schulz. Em liberdade há apenas três anos, a líder birmanesa só agora pôde receber em mãos o prêmio que lhe foi atribuído em 1990.
“Você lutou, sofreu, mas o principal é que venceu”, disse Martin Schulz, saudando Suu Kyi como “um grande exemplo de liberdade e de democracia”.
“Devemos ser pragmáticos: registramos progressos desde 1990, mas os progressos são insuficientes. Espero que nos ajudem a libertar o nosso povo do medo, porque esse medo ainda existe”, pediu Suu Kyi, no discurso de agradecimento.
A ida a Estrasburgo faz parte de uma série de visitas da líder birmanesa à Europa para convencer os dirigentes do continente a pressionarem o governo de seu país a progredir em relação a reformas e, especificamente, a alterar a Constituição.
“As pessoas começam a aprender a fazer perguntas: a liberdade de pensamento e de consciência são direitos que ainda não estão garantidos a 100% [das pessoas]”, informou, defendendo a mudança da Constituição para consagrar essas liberdades.
Suu Kyi também pediu ajuda da União Europeia para combater a elevada taxa de desemprego na Birmânia, que afeta especialmente os jovens no que a opositora classificou como uma “bomba-relógio”.