São Paulo – Em sua coluna das segundas-feiras na Rádio Brasil Atual, o escritor e assessor de movimentos sociais Frei Betto classificou hoje (30) a política de valorização do salário mínimo do governo federal nos últimos dez anos como um dos principais avanços na gestão do Partido dos Trabalhadores desde que chegou à Presidência da República, em 2003. Segundo ele, este é um governo que, apesar de ser “atento às demandas dos patrões”, também assumiu propostas do movimento sindical.
“Nesses 10 anos de governo do PT, talvez o principal acerto tenha sido a política de valorização do salário mínimo. É um raro exemplo, em que o governo federal – tão atento às demandas dos patrões – escutou e assumiu as propostas do movimento sindical.”
Em 2002, o salário mínimo foi estabelecido em R$ 200,00. Com o valor de R$ 678,00, que vigora desde janeiro deste ano, o piso acumulou um ganho real, desde 2002, de 70,49%. Segundo estudo do Dieese publicado em dezembro de 2012, os impactos dessa elevação devem corresponder a um incremento de renda de R$32,7 bilhões na economia, e R$15,9 na arrecadação tributária sobre o consumo.
Segundo Frei Betto, este aumento é resultado principalmente da pressão realizada pela mobilização organizada da classe trabalhadora. “A ação das centrais sindicais. Em 2004 houve uma campanha pela valorização do salário mínimo, com três marchas em Brasília para pressionar o Executivo e o Legislativo”, disse.
Segundo previsão do governo, que consta na proposta de Projeto da Lei Orçamentária Anual, enviada ao Congresso no final de agosto, o salário mínimo que irá vigorar a partir de janeiro de 2014 deve chegar a R$ 722,90, o que representa um aumento de 6,6%. “Ainda é pouco, resta um longo caminho a percorrer. O movimento sindical e os trabalhadores em geral ainda têm muito pelo que lutar e conquistar. Sabemos que governo é que nem feijão, só funciona na panela de pressão”, alerta.
Frei Betto afirmou ainda que houve real melhoria de renda do trabalhador e redução da desigualdade social no Brasil, fortemente puxados pela política de valorização do mínimo. No entanto, ele argumenta que há um caminho longo a ser percorrido, que valorize ainda mais a política salarial e contribua para a redução da desigualdade social.
“Segundo a revista Forbes, as 124 pessoas mais ricas no Brasil acumulam um patrimônio de R$ 544 bilhões de reais, o que representa cerca de 12% do nosso Produto Interno Bruto. Apesar do aumento da renda e da massa salarial dos trabalhadores, verificada nos últimos dez anos, a participação deles na riqueza nacional continua estagnada.”
Por Redação RBA