Novos documentos vazados da NSA (Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos) afirmam que a rede privada de computadores da Petrobras foi alvo de espionagem do governo estadunidense. As informações foram divulgadas na noite desse domingo (08) pelo programa Fantástico, da Rede Globo. Os documentos foram obtidos pelo jornalista estadunidense Glenn Greenwald através do ex-agente Edward Snowden, exilado na Rússia, e que divulgou outros milhares de registros em junho. Segundo a reportagem, o Google e o Quai d’Orsay, sede da diplomacia francesa, também foram alvo de ataque.
Os documentos, classificados como “ultrassecretos” mostram uma apresentação interna de maio de 2012 relatando um treinamento para funcionários da agência sobre como espionar “redes privadas de computadores”. Este treinamento citou a estatal brasileira como um dos “muitos alvos” que “usam redes privadas”. Embora tenha sido citada por diversas vezes nos textos, não há informação de que tipo de documentos a agência estava buscando.
A NSA respondeu à reportagem dizendo que não usa sua capacidade de espionagem para roubar segredos de empresas estrangeiras. Questionada sobre o motivo de ter espionado a Petrobras, a agência estadunidense informou que isso é tudo o que tem a dizer no momento. No entanto, após a reportagem, o órgão enviou uma segunda nota de imprensa, desta vez assinada pelo diretor nacional de inteligência dos Estados Unidos, James Clapper. Segundo ele, o governo americano coleta informações econômicas e financeiras “para prevenir crises que possam afetar os mercados internacionais”.
As redes privadas do Ministério das Relações Exteriores da França e da Swift (Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Globais, na tradução do inglês), cooperativa que reúne mais de 10 mil bancos de 220 países, também foram analisadas. Qualquer remessa de recursos que ultrapassa fronteiras nacionais necessita ser analisada pela Swift.
Na semana anterior, o programa havia exibido documentos que mostravam que a agência monitorava conversas telefônicas e via eletrônica da presidenta Dilma Rousseff com assessores, assim como entre assessores e terceiros. O então candidato favorito à presidência do México, Enrique Peña Nieto, eleito presidente em 2012, também foi alvo das espionagens.
A primeira reportagem irritou profundamente a presidente Dilma Rousseff, que afirmou durante reunião ministerial que o pré-sal seria o alvo das investigações – e não questões de segurança ou combate ao terrorismo. O leilão no campo petrolífero de Libra, avaliado em 15 milhões de dólares e marcado para 21 de outubro, contará com a participação de todas as empresas petrolíferas estadunidenses. Ela cogita cancelar a visita de Estado que faria a Barack Obama em outubro caso as explicações não sejam satisfatórias e deu um prazo até quarta-feira (11). Na semana passada, ela se reuniu com o presidente estadunidense, em Moscou, durante reunião de cúpula do G20. Segundo Dilma, ele teria assumido responsabilidade pessoal pela investigação do ocorrido. A Petrobras informou, por meio da assessoria de imprensa, que não irá comentar suposta espionagem pelos Estados Unidos.
Por Opera Mundi publicado pelo Brasil de Fato