Kirchnerismo lidera primárias legislativas, mas perde nos principais distritos
A coalizão governista reduziu sua vantagem perante a oposição, mas continua sendo a principal força política do país para as eleições à Câmara e ao Senado, em outubro
São Paulo – A coalizão kirchnerista Frente para a Vitória colheu resultados amargos nas eleições primárias para cargos legislativos realizadas ontem (11) na Argentina. O grupo de partidos liderados pela presidenta Cristina Fernández de Kirchner reduziu sua vantagem perante a oposição e perdeu nas principais províncias do país, mas continua sendo a principal força política da nação. E, agora, como reconheceu a chefe de Estado, terá de trabalhar dobrado para garantir maioria na Câmara e no Senado no pleito de outubro.
As eleições de domingo não elegeram ninguém. Os argentinos foram às urnas para votar em um processo conhecido no país como Paso, sigla que significa Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias. Não há nada parecido no Brasil. Na Paso, os eleitores são convocados a definir quais partidos e coalizões estão habilitados a disputar as eleições seguintes: apenas as agremiações que consigam mais de 1,5% dos votos em cada distrito podem apresentar candidatos e concorrer aos cargos em pugna. A Paso também define as listas que cada partido deverá apresentar.
Portanto, as primárias de ontem serviram para definir – e posicionar – as forças políticas que vão brigar por 24 das 72 cadeiras no Senado e outras 127 (de um total de 257) na Câmara. A eleição está marcada para o próximo dia 27 de outubro.
Na disputa para a Câmara, a Frente para a Vitória venceu em 14 dos 24 distritos, ficando com aproximadamente 26% dos votos em nível nacional. Apesar de ser uma vantagem bem menor do que nas primárias passadas, quando garantiu 54% da preferência dos argentinos, a coalizão kirchnerista ainda está muito na frente de qualquer força opositora: o Frente Renovador ficou em segundo lugar, com cerca de 9%, e o Frente Progressista, Cívico e Social, em terceiro, com 8%. As diferenças foram semelhantes nos votos para o Senado.
Pesou contra os governistas, porém, terem sido derrotados nas províncias mais populosas do país. A coligação liderada por Cristina perdeu na província de Buenos Aires e na cidade de Buenos Aires, em Mendoza, Córdoba, Santa Fe, Santa Cruz, Jujuy e La Rioja.
“Estamos em condições de manter ou aumentar nossa representação parlamentar, tanto na Câmara como no Senado”, disse a presidenta, ontem, depois de já avançada a apuração, lembrando que será necessário “redobrar esforços” para conseguir a maioria que tem permitido ao governo realizar as reformas no país. “Temos a responsabilidade de garantir a governabilidade e vamos fazê-lo.”
Os jornais opositores, porém, destacaram que os resultados das primárias colocam uma pedra sobre as intenções de setores do kirchnerismo que pretendiam reformar a Constituição argentina para que Cristina pudesse concorrer a uma segunda reeleição. O peronismo dos Kirchner governa o país desde 2003, primeiro com Néstor, morto em 2010, e depois com sua esposa, que conseguiu ser reeleita em 2011. O segundo mandato de Cristina termina em 2015. Ainda há indefinição dentro do partido sobre quem irá sucedê-la.
por Redação RBA