Em balanço positivo do Dia Nacional de Lutas, realizado ontem em todo o país, sindicalistas decidem incluir na pauta nacional conjunta a igualdade de salários entre homens e mulheres
São Paulo – As centrais sindicais programam novas manifestações para 6 de agosto contra o Projeto de Lei 4.330, do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO). Reunidos hoje (12) na sede da Força Sindical, em São Paulo, os dirigentes avaliaram positivamente o Dia Nacional de Lutas, marcado ontem por protestos em todo o país por uma pauta de reivindicações unificada. No dia 30 de agosto planejam novo ato pela lista, que inclui redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais, fim do fator previdenciário, política salarial para aposentados, investimentos em saúde, educação e transporte, reforma agrária, fim da terceirização e dos leilões do petróleo.
“Essa pauta é o que unifica as centrais sindicais, neste momento, em defesa dos interesses dos trabalhadores e vamos seguir para sua aprovação até o final. As negociações estão acontecendo, mas nós queremos resultados, queremos que os empregadores tenham os ouvidos abertos e atendam às nossas reivindicações, com o Congresso Nacional colocando nossa pauta para votação”, disse o presidente da CUT, Vagner Freitas.
“Foi um ato histórico e muito importante. Estamos reafirmando a pauta da classe trabalhadora e conseguimos divulgá-la para o Brasil inteiro”, disse o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP).
Na reunião desta sexta também foi incluída na pauta a aprovação do Projeto de Lei 6.653, do deputado Amauri Teixeira (PT-BA), que iguala os salários de mulheres e homens com a mesma função.
Multa
As centrais foram multadas em aproximadamente R$ 1 milhão pela Advocacia Geral da União por terem fechado a Avenida Paulista no ato de ontem e impedido o acesso aos locais de trabalho. “Nós vamos procurar os presidentes do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e Supremo Tribunal Federal (STF) para conversar sobre essa punição. Isso é uma agressão ao direito de greve e manifestação. O interdito proibitório, que foi um instrumento criado para discutir as divergências em relação à propriedade privada, agora é usado para impedir que o movimento sindical se aproxime dos trabalhadores para fazer seu papel de convencimento político e de representação. Recebemos quase R$ 1 milhão em multas devido à atividade de ontem, que foi extremamente democrática, pacífica e ordeira. Isso é para inviabilizar o movimento sindical e impedir que os trabalhadores tenham direito de mobilização”, disse Freitas.
Questionados sobre possíveis pagamentos feitos a trabalhadores para que aderissem à mobilização, os sindicalistas negaram e comprometeram-se a apurar a denúncia. “São centenas de sindicatos filiados às centrais e nós não temos soberania sobre cada um. Eles levam seus ativistas da forma que acham mais conveniente. Das centrais, é claro que não há orientação nenhuma nesse sentido, mas respeitamos a capacidade de gestão de cada sindicato perante os seus militantes”, afirmou o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.
Em resposta à comparação feita entre a manifestação de ontem e os movimentos e passeatas realizados em todo o país, no mês passado, José Maria de Almeida, da coordenação nacional da CSP-Conlutas, ressaltou a distinção da natureza das atividades. “Ontem nós buscamos parar estruturas, fábricas e empresas. Essa é a característica fundamental da participação da classe trabalhadora na luta, mexer na estrutura econômica do país.”
Participaram do Dia Nacional de Lutas, além de CUT, Força, UGT e CSP-Conlutas, a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB).
O próximo ato, no dia 6, será realizado em frente às sedes das federações e confederações patronais. O de 30 de agosto ainda não tem formato definido.
por Viviane Claudino, da RBA