Professores aceitam proposta da prefeitura, que garantiu o pagamento imediato dos dias parados, com compromisso de reposição das aulas
São Paulo – Os professores municipais de São Paulo decidiram em assembleia realizada na tarde de hoje (24) encerrar a greve da categoria, iniciada no dia 2. A decisão veio depois de nova negociação entre os professores e a prefeitura, que manteve sua proposta de reajuste salarial e questões relativas à melhoria das condições de trabalho e concordou com o não desconto imediato dos dias parados dos grevistas, mediante o compromisso de reposição das aulas em cronograma a ser discutido em cada escola.
“Não conseguimos tudo, mas a luta pode ser feita em etapas. E se voltássemos para a sala de aula com o desconto dos dias parados iria demorar para recompor o movimento”, afirmou Cláudio Fonseca, presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal (Sinpeem), que criticou a ausência de greve em outras categorias do funcionalismo. “Somos 29 entidades, mas só duas foram para a rua. A luta dos profissionais da Educação continua e vamos lembrar a nossos colegas que tinham que ser solidários e lutar conosco.”
Para o presidente do Sindicato dos Professores e Funcionários Municipais de São Paulo (Aprofem), Isamel Nery Palhares, foi um dia histórico. “Reitero minha satisfação de estarmos juntos nesse movimento”, disse.
A negociação contou com a presença dos secretários municipais de Educação, Cesar Callegari, de Governo, Antonio Donato, de Esportes, Celso Jatene, e do vereador Reis (PT), presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal, que realizou uma reunião com o secretario na tarde de hoje.
“Desde o início do processo de negociação, o governo já vinha confirmando sua posição de dar aumentos de 10,19% aos educadores a partir de 1º de maio desde ano e mais 13,43% em maio do ano que vem. Isso está sendo e será cumprido”, afirma a Prefeitura em nota oficial, referindo-se a valores negociados pelos professores em campanhas salariais anteriores mas que serão aplicados agora. A proposta inclui também um compromisso do governo de conceder um aumento linear para todo o funcionalismo de 11,46% dividido em três anos, a partir de 2014.
“Além disso, todas as 10 medidas de melhoria da Educação e das condições de trabalho dos educadores anunciadas em documento já apresentado anteriormente foram confirmadas hoje e aprovadas na assembleia dos sindicatos”, completa o texto da Secretaria de Educação.
A proposta aprovada pelos professores inclui o encaminhamento para a Câmara, no prazo de 45 dias, de projeto de lei para acrescentar duas referências na carreira dos professores e gestores, considerando o limite de 25 anos de trabalho; criação de 1.200 cargos de professor de Educação infantil; implementação do Sistema Municipal de Formação de Educadores; contratação de novos Auxiliares de Vida Escolar (AVE) e estagiários de pedagogia para apoio de professores na educação inclusiva; construção de dois Grupos de Trabalho com participação dos educadores para definir políticas para melhorar a saúde dos professores e a segurança nas escolas; entre outros pontos.
Por Nicolau Soares, especial para a RBA