O colorado Horacio Cartes foi eleito presidente do Paraguai neste domingo (21/04) com cerca de 46% dos votos. O ex-ministro de Obras Públicas Efraín Alegre, do PLRA (Partido Liberal Radical Autêntico), que ficou em segundo lugar com 37% das preferências, já assumiu a derrota. Como presidente, Cartes terá a missão de legitimar seu governo para que o Paraguai possa voltar ao Mercosul e à Unasul (União das Nações Sul-Americanas).
A vitória foi anunciada pelo presidente do TSJE (Tribunal Superior de Justiça Eleitoral), Alberto Zambonini, quando 81,06% dos votos estavam apurados. “Tendo em conta uma diferença substancial, Cartes é o ganhador destas eleições e é o novo presidente do Paraguai”, afirmou.
Poucos minutos depois, o novo presidente paraguaio fez um breve discurso para os militantes de seu partido que estavam reunidos em Assunção. “Devemos nos sentir muito orgulhosos do que mostramos ao país e ao mundo nesta grande festa cívica. Quero agradecer a todos que votaram em nós. Muito obrigado.”
“Temos que trabalhar para todos os paraguaios. Ninguém vai tirar o sonho de termos dias melhores. Não vamos nos acostumar que os jovens procurem empregos em outros países. Não vamos nos enganar pensando que isso nos deixa feliz. Queremos que nossos jovens trabalhadores sejam felizes aqui”, acrescentou Cartes.
Em sua primeira declaração após a divulgação das pesquisas de boca de urna, o colorado havia dito que já esperava a vitória e que a parcela mais nova da população foi fundamental. “Sentimos um entusiasmo desmedido dos jovens. Há três anos havia desinteresse por parte deles, e hoje houve uma mudança radical.”
Empresário milionário do setor tabagista, Cartes repetiu a estratégia usada por seu partido para eleger Juan Carlos Wasmosy (1993-1998), ao prometer capacitar os paraguaios como faz com seus funcionários.
Por serem ricos, os dois colorados atraíram eleitores que viam neles a possibilidade de diminuir a corrupção governista, um dos principais problemas do país. “Os liberais roubam descaradamente. Isso Cartes não vai fazer, porque tem muito dinheiro, não precisa roubar”, argumentou o vendedor Carlos Rodriguez a Opera Mundi.
Alheio à política até 2009, quando se filiou ao Partido Colorado meses depois da vitória de Fernando Lugo, Cartes nunca havia votado em uma eleição presidencial até este domingo (21/04). Para ser candidato, enfrentou forte resistência interna.
Antes de ser oficializado como representante do partido à eleição, o empresário sofreu fortes ataques das principais lideranças coloradas. A presidente do movimento, Lilian Samaniego, por exemplo, chegou a dizer que Cartes colocava em risco a própria existência do partido. O último presidente colorado, Nicanor Duarte Frutos (2003-2008), foi além e chamou Cartes de “bandido”. “Quem faz política por dinheiro, trairá por dinheiro.”
Ainda assim, o empresário conseguiu convencer a cúpula do partido a alterar o estatuto interno para permitir sua candidatura. Até as eleições de 2008, o representante colorado no pleito eleitoral precisava ter dez anos de militância. Com a mudança impulsionada por Cartes, esse período foi reduzido para um ano.
Com a vitória de hoje, o Partido Colorado volta ao poder apenas cinco anos depois de deixar o Palácio de López. Até 2008, quando Lugo assumiu a Presidência, os colorados somavam mais de seis décadas seguidas à frente do Paraguai.
Matéria de Vitor Sion, do Opera Mundi, publicada pelo Brasil de Fato