A Pressenza está contente em iniciar a publicação de artigos do 1000 PeaceWomen. Começaremos com um artigo de seu ultimo informativo.
Um dos maiores obstáculos para alcançar uma cultura de paz e assegurar igualdade entre gêneros é um problema que ainda persiste em sociedades por todo o mundo: a violência contra mulheres (VCM). Por diversas áreas, mulheres enfrentam violência física e sexual em suas casas e durante os conflitos, elas lidam com o impacto da exploração e são traficadas à força. A violência possui várias faces. Os projetos regionais da PWAG buscam não apenas conduzir atividades a países específicos, mas também estimular um aprendizado inter-regional e a troca de experências para enfrentar esse problema global.
Esforços Concretos para Enfrentar a VCM na Indonésia: Women Survivor Learning Forum
Apesar da implantação de regularizações nacionais e regionais na Indonésia desde a transição do país em uma democracia há mais de uma década, a VCM é uma realidade alarmante não apenas em grandes cidades como Jakarta, mas também nas muitas ilhas afetadas por confitos de violência. A Indonésia também é um país onde se fornecem e transitam milhares de mulheres usadas para o comércio sexual e trabalho forçado. “Foram quase 114.000 casos de violência doméstica denunciados à Comissão Nacional da Mulher em 2011. No entanto, muitos outros casos de violência não são registrados”, lembra a coordenadora regional da Indonésia, Olin Monteiro. O Women Survivor Learning Forum, criado em 2011 pelo estabelecimento local da PWAG, é um esforço concreto para direcionar o problema em conjunto com mulheres sobreviventes à violência e o governo local. As mulheres apresentam documentações de atividades nacionais e internacionais que podem ser tomadas como lições aprendidas por mulheres sobreviventes na Indonésia. A rede internacional de soliedariedade, incluindo mulheres da América Latina e do Caribe, ocupa um papel importante neste projeto.
Direcionando as Diferentes Faces da Violência na América Latina e no Caribe
A VCM continua sendo um fenômeno comum ao redor da região da América Latina e do Caribe, com crimes contra mulheres como tráfico, estupro e femicídio sendo frequentemente impunes. “Aprimorar a legislação nacional e planos de ação nacionais concretos para a implementação de convenções internacionais como a UNSCR 1325 são cruciais para a proteção dos direitos das mulheres”, diz a coordenadora regional María Julia Moreyra. Acesso a serviços legais às mulheres também devem ser assegurados. As necessidades específicas de mulheres que enfrentam violência em áreas que passam por conflitos atuais, como na Colômbia, ou mulheres que procuram exprimir violências do passado, como no Uruguai, bem como aquelas que se encontram cada vez mais vulneráveis em campos deslocados resultantes dos desastres naturais no Haiti, também são direcionadas pelo projeto na America Latina.
De acordo com estatísticas das Nações Unidas, uma em cada quarto mulheres no Brasil já experienciaram alguma forma de violência, muitas vezes muito perto de casa por um parente ou parceiro. O Brasil também relata altas taxas de homicídio de mulheres, e com seu tamanho e suas vastas fronteiras, o tráfico de mulheres e meninas também atinge proporções continentais. Desde 2012, a PWAG procura fazer campanha contra a violência social, buscando percepções de relações desiguais entre homens e mulheres, bem como decisores políticos, se utilizando de uma metodologia de educação popular. A coordenadora Vera Vieira acrescenta: “Esperamos poder extender o uso desta metodologia a todos os aspectos da violência, incluindo o tráfico de mulheres”.
O fim da violência contra mulheres começa com a promoção de uma sociedade mais pacífica. As mulheres do PWAG caminham para criar esse ambiente tentando conscientizar mulheres, apoiar sobreviventes, informar a sociedade e pressionar governos para que esse problema global seja colocado em primeiro plano e de volta às agendas dos políticos e das sociedades dessas regiões.
Traduzido por Susana Boatto