Ajuda de R$ 900 e a inclusão no auxílio-aluguel foram negociados com a prefeitura. Amanhã, prédio no Jardim Apurá, na zona sul, pode ser reintegrado
Por: Gisele Brito, da Rede Brasil Atual
São Paulo – Cerca de 250 famílias deixaram hoje (21) o prédio que ocupavam desde novembro na rua 7 de abril, no centro de São Paulo. A reintegração de posse estava marcada desde a semana passada, mas as famílias não tinham sequer indicativo de que receberiam atendimento habitacional. Apenas depois de ameaçarem acampar na sede Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) e de uma reunião na noite de ontem com o secretário da pasta, José Floriano Neto, as lideranças conseguiram garantir atendimento emergencial de R$ 900 e a promessa de inclusão no auxílio-aluguel. O cadastro para recebimento dos benefícios será feito a partir de amanhã na sede da Sehab, no centro.
“Não queriam atender. Disseram que a verba estava congelada. Aí o José Floriano ligou para o Donato (Antonio, secretário de governo), que ligou para o prefeito (Fernando Haddad), que autorizou a negociação”, relatou o advogado da Central dos Movimentos Sociais, Benedito Barbosa. “Foi um baita processo de negociação”, desabafou o advogado.
Policiais do 7º batalhão chegaram por volta das 9h ao edifício de 10 andares e aguardaram pacificamente até as 14h, horário em que os sem teto receberam a confirmação das promessas feitas na reunião de ontem. “Nós pedimos para os policiais esperarem e eles aceitaram. Acho que esse comportamento já é fruto da conversa com a Secretaria de Segurança Pública”, acredita Barbosa.
Na semana passada, Barbosa e representantes de outros movimentos sociais reuniram-se com o assessor especial da Secretaria de Segurança Pública, Eduardo Dias, que se comprometeu a articular um encontro entre movimentos sociais e os comandos da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana para evitar abusos em operações de desocupações.
Reintegração de posse
Também na tarde hoje, policiais e um oficial de Justiça estiveram em outra ocupação na rua Antônio Gomes Ferreira, na Vila Apurá, na zona sul, para executar a reintegração de posse. A ordem só não foi cumprida porque os caminhões levados para transportar os objetos dos sem teto eram insuficientes. No prédio vivem 1.200 famílias. A reintegração foi remarcada para amanhã. “Estamos tentando recorrer junto a instancias da prefeitura para ver se a gente consegue mais tempo”, disse Osmar Borges, coordenador da Frente de Luta por Moradia, movimento que organiza a ocupação.
Apenas na região central da cidade 20 imóveis públicos e privados estão ocupados por sem teto, vários deles têm processos de reintegração em trâmite na Justiça e o despejo pode ser feito a qualquer momento.