Rio de Janeiro – Políticos, representantes da sociedade civil e índios promoveram hoje (2) nova manifestação em defesa da manutenção da Aldeia Maracanã no prédio do antigo Museu do Índio, nas proximidades do Estádio Maracanã, na zona norte da cidade. O prédio estava ameaçado de demolição para a construção de um estacionamento no local.
O movimento teve como tema Não à Remoção da Aldeia Maracanã. O objetivo foi manter a sociedade civil mobilizada em torno da causa, deflagrada quando foi anunciada a demolição do prédio, ocupado desde 2006 pelos índios.
A manifestação foi convocada, principalmente, pela internet. Na mensagem, os organizadores defendiam a necessidade de, “juntos, mostrar ao mundo que a Aldeia Maracanã continua a sua luta pela resistência à desocupação do edífio.
“Queremos o maracá, os grafismos, as cosmologias, todos os saberes indígenas e não apenas o prédio. Queremos o projeto de nossa Universidade Indígena, a primeira do Brasil. Queremos a presença viva do indígena no coração da cidade do Rio de Janeiro. Aldeia Maracanã, avante!”, dizia o cartaz que chamava para a manifestação.
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), que esteve por pouco tempo no local, lembrou que o eixo do debate, antes em torno da preservação do patrimônio arquitetônico, mudou e que agora o fundamental é a permanência dos índios no local.
“O destino do prédio só pode ser pensado em um contexto que inclua a permanência dos que nele estão”, disse Freixo, para quem a decisão sobre o destino dos índios “é tão importante quanto a decisão do governador de não demolir o prédio”.
A decisão do governo do Rio de não demolir o prédio da Aldeia Maracanã foi anunciada, em nota, pelo Palácio Guanabara no último dia 28. De acordo com a nota, o governo levou em consideração as ponderações da sociedade a respeito do edifício histórico e analisou os estudos de dispersão do estádio – o principal argumento para a demolição –, concluindo ser possível manter o prédio no local. Insistiu, no entanto, na necessidade da saída dos índios.
Construído em 1862, o edifício – que pertencia à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Ministério da Agricultura, abrigou o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), depois a Fundação Nacional do Índio (Funai) e, até 1978, o Museu do Índio. Recentemente, foi comprado pelo governo do estado que pretendia derrubá-lo com o objetivo de melhorar a mobilidade urbana no entorno do Maracanã.