O governo angolano decidiu suspender por um período de 60 dias toda a actividade da Igreja Universal do Reino de Deus – IURD, na sequência dos actos que resultaram na perda de vidas humanas, durante uma vigília realizada no passado dia 31 de Dezembro, no Estádio da Cidadela Desportiva, remetendo, perante a gravidade dos factos, o assunto à Procuradoria-Geral da República.
De acordo com as conclusões da comissão de inquérito criada para apurar as causas e origem da tragédia, o incidente de que que resultou na morte de 13 pessoas que participavam numa vigília organizada pela IURD, deveu-se à superlotação no interior e exterior do recinto.
“A publicidade utilizada para a mobilização dos fiéis foi criminosa e enganosa pois, tal como estabelece a lei, a mesma continha informações falsas, susceptíveis de alarmar o espírito do público e induzi-lo em erro”, indica um comunicado dos Órgãos Auxiliares do Presidente da República, tornado público ontem em Luanda.
Segundo ainda o comunicado, em consequência da adesão maciça verificaram-se vários constrangimentos, tais como superlotação do recinto antes da hora marcada para o início da vigília, estacionamento desordenado no interior, exterior e áreas circundantes ao Complexo Desportivo da Cidadela, tendo suplantado a previsão dos organizadores do evento e dificultado a adequação devida das forças de asseguramento.
Concluiu-se igualmente que “mesmo na sequência das mortes e desmaios de pessoas, a Igreja não interrompeu a actividade, e que os desmaios em cadeia durante o culto ficaram a dever-se em grande medida ao agravamento do quadro clínico de pessoas já doentes que foram em busca de uma suposta cura milagrosa, incluindo asfixia e fome agravada pelo jejum, dado que muitas das vítimas recuperaram tão logo lhes foi dada uma leve refeição, quer no local pelo INEMA quer no hospital Américo Boavida”.
Em virtude de se constatar que as Igrejas Mundial do Poder de Deus, Mundial do Reino de Deus, Mundial Internacional, Mundial da Promessa de Deus, Mundial Renovada e Igreja Evangélica Pentecostal Nova Jerusalém, apesar de não estarem reconhecidas pelo Estado angolano, realizam cultos religiosos e publicidade, recorrendo às mesmas práticas que as da IURD, o Executivo orienta que sejam igualmente interditadas de realizar qualquer actividade religiosa no país.