Em 20, 21 e 22 de dezembro de 2012 teve lugar o Terceiro Foro Humanista da África Ocidental em Lomé, Togo (o primeiro foi em Costa de Marfim, em setembro 2010 e o segundo em Mali, em setembro 2011).
Aos humanistas de Togo somaram-se as delegações chegadas de Guiné Conakry, Costa de Marfim, Mali, Gana e Libéria.
Também participaram representantes de diversos ministérios do Togo, representantes de ONGs, de partidos políticos, especialistas, etc.
O objetivo era estudar as condições necessárias e propor instrumentos para favorecer o surgimento de uma nova geração de africanos solidários, que respeitem e apliquem os Direitos Humanos com o fim de instaurar uma democracia participativa e lutar contra a pobreza, o desemprego e a fome na África.
O tema central: “Paz e Reconciliação na África”, destacou como a contradição social é produto da violência econômica que se exerce quando uma minoria da população se apropria da maior parte dos bens sociais.
Durante os três dias desenvolveram-se os seguintes temas:
– Os antecedentes dos Direitos Humanos na África, com a Carta de Kuru Kan Fuga, de 1236 que já tratava, entre outros temas, o caráter sagrado da vida humana, o tema da sucessão, a função do mediador, etc…
Surgiu muito antes que a atual Declaração Universal dos Direitos Humanos, ou da Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos.
– A consolidação da Paz e a resolução dos problemas eleitorais que frequentemente a ameaçam. Elaboraram-se propostas para promover eleições livres e transparentes.
– Emprego para o Jovens, problema importante para todos os governos africanos. Estudaram-se as causas e as medidas necessárias, sendo muito urgente resolver também as inexistentes indenizações aos demitidos, bem como a falta de cobertura social para quem nunca encontra trabalho. Ainda que se apresentaram diversos projetos para favorecer avanços em estas matérias, resultou evidente que resta muitíssimo por fazer.
– Médio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Direitos Humanos: apresentou-se um estudo da situação como consequência da contaminação, fruto das inundações e as secas, a proliferação de doenças (cólera, paludismo) e a diminuição da biodiversidade.
Estudaram-se também soluções como o respeito da legislação existente relacionada ao meio ambiente por parte das empresas, a exploração racional dos recursos que implica uma distribuição mais equitativa dos mesmos, etc…
– Apresentação do vídeo «Silo, o Sábio dos Andes» que relata o nascimento da corrente de pensamento iniciada por Silo reivindicando a não-violência ativa como método fundamental para o desenvolvimento de um Novo Humanismo (ou Humanismo Universalista).
– A Segurança Alimentar, definida como a possibilidade de adquirir alimentos de qualidade em quantidades suficientes para sustentar uma vida sã e ativa. Apresentou-se um estado da situação e propuseram-se soluções considerando os fatores responsáveis como a pobreza, as dificuldades relacionadas com o gerenciamento da água, a falta de autonomia das mulheres ou a transmissão da Aids, sem esquecer a contaminação por fertilizantes químicos e suas consequências nos lençóis freáticos, entre outros.
– Educação pela Não-Violência, definida como rejeição ao dano aos demais, ou melhor, a opção de aprender a “tratar aos demais como a gente quer ser tratado”. Assim, se resolveu estabelecer um CPNVA (Conselho Permanente de Não-Violência Ativa). O trabalho se fará em três planos simultaneamente: institucional, individual e social. Assim a primeira Campanha Africana pela Educação pela Não Violência partirá desde Lomé, no Togo em 02 outubro de 2013 (jornada mundial de não violência) para terminar em Moçambique em 04 maio 2014 (data do aniversário do nascimento do Movimento Humanista) . Isso permitirá entusiasmar e sustentar o progresso das gerações futuras para uma cultura da Paz e da não-violência.
Os Humanistas Africanos Ocidentais concluíram elaborando uma declaração recomendando a criação e/ou o desenvolvimento de três «ferramentas» úteis para avançar com projetos na direção buscada:
– O Partido Humanista no campo político, a fim de promover o desenvolvimento de processos por uma democracia real e participativa que permita resolver com os cidadãos os diversos problemas enunciados durante o transcurso do Foro.
– A Comunidade para o Desenvolvimento Humano permitirá a criação dos CPNVA e favorecerá os intercâmbios e aproximações entre as culturas.
– A organização «Mundo sem Guerras e sem Violência» se coordenará com diferentes organismos e atuará em favor de soluções de Paz ao invés das soluções violentas ou bélicas, de acordo com o ideal de proteção da vida humana.
Conscientes de que não se trata mais do que um começo, lançado por pessoas valentes que trabalham para que as condições sejam a cada vez mais favoráveis para os que irão se somando nesta rota para a liberdade e a justiça humana, fica acordado se reunir novamente, junto a novos participantes, no 4° Foro Humanista Africano Ocidental que terá lugar desta vez em Guiné Conakry (em data e detalhes a definir), permitindo enriquecer assim ainda mais os intercâmbios e os projetos.