O bispo teve que pegar um avião escoltado pela polícia e atualmente se encontra na casa de um amigo que teve sua identidade e localização ocultas por razões de segurança
Matéria do Brasil de Fato
O bispo Pedro Casaldáliga, 84, foi forçado a deixar sua casa em São Félix do Araguaia (MT) e ir a mais de mil quilômetros de distância por indicação da Polícia Federal. A causa foi a intensificação nos últimos dias das ameaças de morte que ele recebeu devido ao seu trabalho durante mais de 40 anos em defesa dos direitos dos índios Xavante.
A produtora Minoria Absoluta, que trabalha em uma minissérie sobre o religioso, foi uma das denunciantes. O fato do governo federal decidir tomar as terras dos fazendeiros para devolver aos índios, legítimos proprietários, agravou o conflito.
A produtora assinalou que a equipe de filmagem teve que modificar o seu plano de trabalho. Concretamente e por recomendação do governo brasileiro, a equipe teve que atravessar a floresta e fazer uma rota de 48 horas de duração para evitar a zona de conflito.
Casaldáliga se tornou o objetivo dos chamados “invasores” que fraudulentamente se apropriaram das terras em Marâiwatsédé dos Xavantes. O bispo, que sofre de Parkinson, trabalha há anos em favor dos indígenas e dos seus direitos fundamentais na Prelazia de São Félix e se tornou, em nível internacional, no rosto visível da causa.
Os proprietários de terra e os colonos que ocuparam fraudulentamente e com violências as terras serão despejados em breve pela ordem ministerial que, há 20 anos, espera pelo seu cumprimento.
Conforme informou em um texto a Associação Araguaia com Casaldáliga, o bispo teve que pegar um avião escoltado pela polícia e atualmente se encontra na casa de um amigo que teve sua identidade e localização ocultas por razões de segurança.
“Sentimo-nos plenamente identificados com a defesa que desde sempre o bispo Pedro e a Prelazia de São Félix sempre fizeram da causa indígena”, diz o comunicado da associação, que exige que a comunidade internacional vele pela segurança de Casaldáliga e pelos direitos dos índios Xavante.
Através do Twitter também circulou o comunicado de apoio do Conselho Indigenista Missionário – órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil –, assinado por associações e entidades ligadas à luta indígena e aos direitos humanos.