O último mês da campanha na Venezuela para as eleições presidenciais do próximo dia 7 de outubro se iniciou com um simulacro cujos resultados mostraram a ampla vantagem a favor da reeleição do presidente Hugo Chávez.

No último dia 2 de setembro, foi realizado um ensaio – convocado e organizado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) – do processo eleitoral que abarcou a localização de 1.553 centros de votação ao longo do país.

Segundo as autoridades eleitorais, 10% dos venezuelanos cadastrados como eleitores participou do exercício, que decorreu com sucesso pois permitiu, entre outros aspectos, determinar o tempo de votação (entre um minuto e um minuto e meio) e avaliar o funcionamento da plataforma tecnológica.

Ainda que o CNE tenha ratificado que o objetivo do simulacro não era informar resultados de votos, mas afinar detalhes para a melhor realização das eleições, os Comandos de Campanha das partes que se enfrentam fizeram suas próprias contas.

A contagem rápida realizada em todos os pontos de votação pelo Comando de Campanha Carabobo, que promove a candidatura de Chávez, determinou que 86% dentre o 1,6 milhão de venezuelanos que participaram do ensaio votaram a favor da reeleição do presidente.

Enquanto isso, o candidato opositor, Henrique Capriles Radonski, obteve apenas 12% dos votos.

Ao informar sobre estes resultados, o chefe nacional do Comando Carabobo, Jorge Rodríguez, denunciou o que denominou como “uma fraude continuada agravada” da campanha opositora, que nega sua origem oligárquica burguesa e a verdadeira essência neoliberal de seu programa de governo.

Rodríguez também desmentiu, com documentos, a afirmação da oposição sobre não ter convocado seus partidários a participarem do ensaio e a publicação, em meios privados da imprensa, de resultados que minimizam o espaço entre os candidatos à presidência da nação sul-americana.

PESQUISAS CONFIRMAM A CHÁVEZ

Os resultados divulgados pelo Comando Carabobo são corroborados pelas mais recentes pesquisas.

Um estudo efetuado pelo Instituto Venezuelano de Análise de Dados (IVAD), realizado entre os dias 17 e 27 de agosto com base na opinião de 1.200 eleitores entrevistados em todo o país, mostrou que 50,8% dos eleitores votaria pela reeleição de Chávez, caso as eleições fossem hoje.

Em contraste, a intenção de votos a favor do candidato Capriles Radonski é de 32,4%, cifra que se manteve estável ao ser contrastada com a de meses anteriores: 32,5% em junho e 32,0% em julho.

À pergunta sobre em quem votariam se as eleições fossem neste momento, 16, 8% dos entrevistados não responderam ou declararam que não sabem. No entanto, 61,4% afirmaram que o Chefe de Estado ganhará as eleições presidenciais do dia 7 de outubro, liderando sobre os 25,0% que pensam que o vencedor será Capriles Radonski. Uma margem de 36,4 pontos percentuais a favor de Chávez.

Segundo o IVAD, 61,8% dos entrevistados declarou confiar no mandatário venezuelano, e 71,5% avaliou como “positivo” sua gestão.

NOVO ELEMENTO NA CAMPANHA

Justo quando se cumprem dois meses de campanha, durante um ato com milhares de trabalhadores da indústria petroleira no ginásio poliesportivo José María Vargas, no estado Vargas, o presidente informou sobre a incorporação de um elemento na etapa final: o encontro com os diferentes setores nacionais.

Este novo passo na campanha eleitoral consistirá em reuniões do candidato presidencial com jovens, estudantes, camponeses, profissionais, técnicos e com integrantes da classe média venezuelana.

O objetivo, segundo explicou Chávez, é escutá-los e receber propostas que enriqueçam a elaboração do programa de gestão do país para o período 2013-2019, que deverá começar a ser executado em janeiro do próximo ano e cujo projeto estratégico foi apresentado pelo presidente quando se inscreveu como candidato perante o CNE.

Nesse primeiro encontro, Chávez recebeu amplas demonstrações de apoio por parte dos trabalhadores petroleiros, que apostaram na continuidade do processo revolucionário impulsionado por seu governo Chávez nos últimos 12 anos.

Em contraste, o panorama da campanha do candidato opositor é cada vez mais turvo.

Nos últimos dias têm sido divulgadas as verdadeiras intenções da direita burguesa, ao ser difundido o conteúdo do programa de governo que Capriles Radonski pretende desenvolver caso seja eleito presidente.

O material tem sido divulgado – e criticado – por membros da chamada Mesa de Unidade Democrática (MUD), o que ratifica as divergências no seio da oposição quando resta menos de um mês para o dia das eleições presidenciais.

O texto corre de mão em mão entre os venezuelanos, a partir da recente publicação do livro “O Programa da MUD”, do pesquisador francês Romain Migus, que analisa as consequências que a aplicação do plano de governo proposto pela direita poderiam gerar na Venezuela.

Na opinião de Migus “seria voltar ao abismo social no qual estavam a Venezuela e a América Latina nos anos 90”, pois a direita propõe um programa neoliberal: reduzir os gastos sociais, suprimir os programas sociais e as redes de vendas de alimentos subsidiados, privatizar a saúde e a educação, e devolver a indústria petroleira às trasnacionais.

Em reiteradas ocasiões o presidente Chávez tem insistido na necessidade de que todos os venezuelanos conheçam e discutam o que têm denominado como o “paquetazo” (algo como “o pacotão”, em portuquês) proposto pela oposição.

“Quem vote pela direita tem que saber que vota pelo pior, pela escória e pelos detritos do passado, vota pelo imperialismo”, destaca o pesquisador. “Aqueles que votem por Chávez o farão pela independência e pelo futuro da Pátria”, sentenciou.

(*) Lourdes Pérez Navarro é correspondente da Prensa Latina na Venezuela

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