Foi sob o céu nublado do centro da cidade do Rio de Janeiro, entre os contornos da Avenida Rio Branco com a Rua do Passeio, que algumas pessoas foram se achegando à Praça Floriano, na Cinelândia, palco de lutas e de muitas manifestações políticas importantes na história do Brasil. Todos os que ali se encontravam foram guiados por um sentimento de indignação contra o sistema em que vivemos e queriam fazer alguma coisa.
Trazido pelo Occupy Wall Street, o movimento de ocupação dos espaços públicos se originou em Nova Iorque e se espalhou por muitas cidades do mundo. Aqui, o Ocupa Rio foi anunciado e propagado nas redes sociais, até ganhar as ruas no dia 22 de outubro de 2011. Pessoas de meia idade, de pouca idade, de muita idade e sem idade foram de aproximando da praça e, na praça, foram conversando, registrando, se tocando, até se formar um grande circulo e começarem as intervenções e propostas.
Cartazes, grafites, artes, música, performances, ideias e bandeiras simbólicas foram levantadas. Simbólicas, pois a proposta era fazer um movimento horizontal e apartidário, e o argumento era o de que não haveria qualquer representante para o movimento, pois cada um se representa. As bandeiras, que eram nada mais que intenções de mudanças benéficas a favor da coletividade social, traziam um espírito de revolta e indignação que contagiou a todos os que ali estavam, acordando revoltas contidas e adormecidas que foram somando forças, até o movimento ganhar forma e vários rostos.
Todas as individualidades convergiam para uma causa coletiva e todos concordavam que o mundo está precisando de um basta! Que o mundo e nossas vidas estão em uma crise social, econômica, ecológica e afetiva. E queriam uma nova sociedade, com uma outra política, com uma democracia de verdade, ao contrário da atual democracia, governada pelo capital financeiro das grandes corporações que regem e pautam a sociedade mundial de acordo com seus interesses privados, sendo essa “nova” democracia um exercício diário, real, coletivo, igualitário e transparente.
Depois de 49 dias e algumas horas de ocupação, o Ocupa Rio foi removido, na madrugada no dia 4 de dezembro, em uma ação conjunta entre Guarda Municipal e Polícia Militar. Os ocupantes não reagiram, não houve confronto e os que não puderam comprovar residência foram levados a um abrigo. As primeiras informações foram de que esse abrigo seria o Antares, em Santa Cruz. Na manhã desse mesmo dia, ainda havia caminhonetes da Guarda Municipal e viaturas da PM monitorando a praça para evitar a reocupação.
Porém, o movimento não terminou, só a ocupação; desde então, esse coletivo se reúne nas praças e nas ruas para teorizar, discutir e articular manifestações públicas. Todos, agora, se encontram, e essa coletividade já formada é aberta a quem quiser chegar e sair da sua zona de conforto.