Ainda assim, foram deliberadamente submetidos à pobreza, excluídos, oprimidos e exterminados. Suas terras contém os recursos minerais, flora e fauna mais preciosos e comercialmente lucrativos e, por isso, foram fisicamente erradicados por políticos e magnatas que os consideram obstáculos à sua ganância insaciável.

Eles correspondem a um terço dos mais pobres do mundo e vivem em condições sub-humanas em todos os países. A pesquisa da ONU revela uma estatística alarmante sobre pobreza, saúde, educação, emprego, direitos humanos, meio ambiente e muitas outras questões.

Suas vidas e sofrimentos nunca foram notícias de destaque, ninguém fala sobre eles, já que o mundo está ocupado em resgatar os grandes bancos privados e corporações. Hollywood já lucrou muito mostrando-os como seres violentos, néscios, primitivos, de “má índole” em contraste com os brancos “bons” cowboys, xerifes e comandantes militares que conseguem exterminá-los.

*Descrevendo os “Desalojados”*

Eles são chamados de povos indígenas, os verdadeiros e reais soberanos de imensas terras e culturas que foram metodicamente tomadas por colonizadores estrangeiros, violentos e armados que vieram de longe para se apossarem de seus recursos, conhecimentos e vidas.

*A ONU elabora muito bem estudos e realidades das comunidades indígenas.*

Segundo a ONU, as comunidades indígenas enfrentam uma “discriminação sistêmica e exclusão do poder político e econômico; eles continuam a ser sobre representados entre os mais pobres, analfabetos e necessitados; eles são desalojados por motivos de guerras e desastres ambientais; expulso das terras de seus ancestrais e privados de seus recursos para sobreviverem, tanto física como culturalmente; deles foi roubado o direito à vida”.

Acrescente-se a isso que “nas visões mais modernas de exploração de mercado, as expressões culturais e tradicionais dos povos indígenas estão sendo comercializados e patenteados sem seu consentimento ou participação”.

*Dedicando um “Fórum” aos excluídos*

Após décadas de discussões extensas e caras, as Nações Unidas decidiram “reconhecê-los” e estabelecer uma nova “reserva denominada “Fórum Permanente das Nações Unidas sobre as Questões Indígenas das Nações Unidas”. Vejam bem, questões.

O mundo foi tão generoso para com eles, que lhes deram a chance de ter uma Conferência Mundial sobre os Povos Indígenas, que será realizada em 2014. Seguindo o estilo do homem branco, a ONU também lhes dará a oportunidade de um encontro entre os dias 7 e 18 de maio de 2012 na sede da ONU em Nova York para tratar das questões indígenas..

*Alguns fatos sobre os“Índios”*

Os fatos abordados em “Estado dos Povos Indígenas do Mundo” da ONU em 2010 são estarrecedores. Enumeramos alguns:

* Nos Estados Unidos, um nativo americano é 600 vezes mais suscetível
a contrair tuberculose e 62% a cometer suicídio do que a população
em geral.
* Na Austrália, uma criança indígena tem a expectativa de vier 20
menos mais cedo do que seu compatriota não indígena. Essa diferença
também se reflete na Austrália, caindo para 13 na Guatemala e 11 na
Nova Zelândia.
* Em certas áreas do Equador, os indígenas correm o risco de contrair
câncer de garganta 30 vezes mais do que a média nacional.
* E no mundo, mais de 50 por cento de adultos indígenas sofrem de
diabete tipo 2, um número que tende a crescer.

*Uma realidade estarrecedora*

Estas são apenas algumas das estatísticas estarrecedoras apresentadas na primeira publicação sobre as Condições dos Povos Indígenas do Mundo, que a ONU generosamente considera como “uma avaliação completa da situação das comunidades indígenas no campo da saúde, pobreza, educação e direitos humanos”.

O relatório aponta que a população indígena é de aproximadamente 370 milhões, o que corresponde a 5% do total mundial, “eles compõem cerca de um terço das 900 milhões de pessoas que vivem em extrema pobreza em áreas rurais”.

E acrescenta que “todos os dias, as comunidades indígenas de todo o mundo sofrem com a violência e brutalidade, políticas de assimilação continuada, desapropriação de terras, marginalização, remoção ou realocação forçada, não reconhecimento dos direitos sobre a terra, impactos causados pelo desenvolvimento em larga escala, abusos de forças militares e uma série de outras práticas abusiva.”

*“Situação Alarmante na Saúde”*

As estatísticas publicadas ilustram a gravidade da situação tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento.

Nutrição precária, acesso limitado a cuidados médicos, falta de recursos essenciais para a manutenção da saúde e bem-estar além da contaminação dos recursos naturais são fatores que contribuem para o estado estarrecedor da saúde da população indígena do mundo.

De acordo com o relatório:

* A expectativa de vida de povos indígenas chega a apresentar uma
discrepância de 20 anos a menos em comparação com os não indígenas.
* Os povos indígenas ainda apresentam altos índices de mortalidade
infantil e materna, desnutrição, doenças cardiovasculares, HIV/AIDS
e outras doenças infecciosas como a malária e a tuberculose.
* Os índices de suicídio na comunidade indígena, particularmente entre
os jovens, são consideravelmente mais altos em muitos países, por
exemplo, no Canadá os Inuit apresentam um índice 11 vezes maior que
a média nacional.

*“Alguns Recursos”*

Certamente, a assim denominada comunidade internacional os ajudou. Na verdade,

O sistema das Nações Unidas definiu “alguns recursos” que são “destinados especificamente para os povos indígenas.”

Segundo a ONU, “Alguns desses recursos são destinados a dar suporte financeiro à participação de povos indígenas nas reuniões da ONU, enquanto outros recursos são destinados para pequenos projetos”.

Além desses recursos, “há muitos doadores que financiam a participação da comunidade indígena no Fórum e em outras atividades..” Sem comentário.

*Nascido no Egito, Baher Kamal é cidadão espanhol, secular, jornalista pacifista e analista especializado em assuntos internacionais e desenvolvimento humano. Ele é editor e redator de Human Wrongs Watch. Este artigo pode ser reproduzido, mantendo inalterados o link para: Human Wrongs Watch

Relacionado a: www.un.org | 2011 Human Wrongs Watch