A presidente argentina se declarou vitoriosa ao afirmar que “na vitória sempre é preciso ser maior ainda” e ao saudar seu ministro da Economia e companheiro de chapa Amado Boudou como “vice-presidente eleito”.
As pesquisas de boca de urna divulgadas pela televisão indicavam a reeleição de Cristina com 55% dos votos.
Na Argentina a vitória no primeiro turno é conquistada com 45% dos votos ou se o primeiro colocado somar mais de 40% com uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo.
Poucos minutos depois das 21h00 (22h00 de Brasília), o ministro do Interior, Florencio Randazzo, disse que em terceiro lugar está o social-democrata radical Ricardo Alfonsín (13,21%), seguido pelos peronistas dissidentes, Alberto Rodríguez Saá (7,33%) e pelo ex-presidente Eduardo Duhalde (5,66%).
Randazzo esclareceu que os primeiros resultados parciais incluem somente 1% dos resultados da província de Buenos Aires, principal distrito eleitoral do país, razão pela qual considerou que a diferença inicial ainda pode ser ampliada.
A vitória arrasadora ocorre dias antes do primeiro aniversário da morte de seu marido Néstor Kirchner (2003-2007), segundo pesquisas de boca de urna que dão a ela 55% dos votos.
Advogada peronista de 58 anos, Kirchner obteve a maior vantagem do primeiro para o segundo colocado em uma eleição presidencial desde a restauração da democracia em 1983.
Eufóricos, militantes governistas saíram às ruas minutos depois do anúncio da reeleição da mandatária pela TV e começaram a agitar bandeiras e a bater bumbos na Praça de Maio, diante da Casa Rosada, sede do governo.
“Somos a gloriosa Juventude Peronista!”, cantavam os manifestantes na praça.
O segundo mais votado foi o governador socialista de Santa Fe, Hermes Binner, com 16%, segundo pesquisas coincidentes.
Minutos antes das difusão dos primeiros resultados oficiais, três dos seis candidatos presidenciais opositores reconheceram o triunfo de Kirchner. Admitiram sua derrota o deputado do radicalismo social-democrata Ricardo Alfonsín, o peronista dissidente e ex-presidente Eduardo Duhalde e a social-cristã Elisa Carrió.
Antes de votar em Río Gallegos (2.600 km ao sul de Buenos Aires), onde está enterrado seu marido, a presidente afirmou com lágrimas nos olhos: “Não posso dizer que é um momento de felicidade porque estaria mentindo, também não diria que é de tristeza. Onde ele estiver, deve estar muito feliz com o fato de as pessoas terem ido votar, todas em paz”.
A mandatária assumiu o poder e o peronismo depois da morte de seu marido, no dia 27 de outubro do ano passado.
Néstor Kirchner foi quem tirou o país do buraco após a tragédia econômica e social do final do século XX, e renegociou a dívida após o maior ‘default’ da história.
A popularidade de Kirchner é apoiada, segundo analistas, na dinâmica da economia, no consumo e nas exportações agrícolas em um país com uma média de 8% de crescimento do produto interno bruto desde 2003.
Outra política dos Kirchner foi promover os julgamentos por crimes na ditadura (1976-1983) com 244 militares e policiais condenados e outros 800 que aguardam sentença.
“A razão da vitória é simples: 60% dos argentinos estão bem e dos 40% restantes que estão mal, a metade é peronista”, disse à AFP o sociólogo Jorge Giacobbe, diretor da consultoria de mesmo nome e ex-assessor da Transparência Internacional.
Giaccobe disse que outros motivos são “a inexistência de oposição e a comprovação de que os meios de comunicação opositores (majoritários) não incomodam Kirchner”.
Durante sua campanha, Kirchner ressaltou a redução dos níveis de pobreza, que hoje chega a 8,3% (2 milhões de pessoas nas 31 principais cidades do país).
Kirchner já tinha obtido 50,7% dos votos nas primárias obrigatórias de 14 de agosto.
Quase 29 milhões de argentinos estavam habilitados a votar nestas eleições, em que também foram renovados a metade da Câmara dos Deputados, um terço do Senado e foram eleitos nove governadores.
Se os números forem confirmados nos cômputos oficiais que serão divulgados a partir das 00h00 GMT (22h00 de Brasília), Kirchner manterá o quorum do Senado e vai recuperar a maioria na Câmara dos Deputados perdida nas legislativas de 2009.