Já na noite desta terça-feira, em Paris 200 jovens se reuníam na Praça da Bastilha em apoio aos manifestantes espanhóis, constatou um jornalista da AFP.
Na esplanada da Ópera Bastilla, em calma, os jovens mostraram cartazes, com inscrições em francês, inglês e espanhol, que diziam *”Povo de Paris, avante!”* ou *”Democracia real!”*.
Um dos organizadores, Alex Merlo, declarou: *”Estamos aqui para difundir o movimento espanhol, apoiá-lo e mostrar que é possível fazer o mesmo na França”*.
A queda do nível de vida, o desemprego, os planos de austeridade impostos aos cidadãos, os cortes de salários e a falta de representatividade dos principais partidos políticos são alguns dos fatores que desencadearam os protestos pacíficos espanhóis, semelhantes à *”Primavera Árabe”* de meses atrás, que foi gerada por condições mais extremas sob regimes autoritários.
*”Esperamos duas coisas deste movimento: uma redefinição das regras democráticas e a convocação de uma assembleia constituinte, e uma distribuição de renda melhor porque vivemos na precariedade”*, disse Benjamin, de 26 anos, trabalhador autônomo que vive na periferia sul de Paris.
Com o título *”Democracia real já”*, o site em francês www.reelledemocratie.com indica que *”desde a crise financeira de 2008, nossos governantes decidiram submeter os povos em vez de fazer os bancos pagarem”*.
*”As democracias europeias foram sequestradas pelos mercados financeiros”*, indica o manifesto do grupo francês em palavras semelhantes às do manifesto da Porta do Sol.
*”Nos identificamos nas aspirações do povo espanhol”*, asseguram.
Uma *”política participativa e cidadã”* e sua rejeição *”ao bipartidarismo e à corrupção política”* exige em seu manifesto o movimento parisiense de apoio ao 15-M espanhol, mencionando a adesão de diversas ONGs.
*”Espanha, Portugal, Grécia e Irlanda foram atingidos em cheio pelas políticas anti-sociais da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional aplicadas na ausência de um debate democrático”*, indicou a ONG francesa ATTAC.
*”Os indignados”* da Espanha e da França, inspirados no best-seller do ex-diplomata e resistente francês Stéphane Hessel, nascido em outubro de 1917, que desde a sua publicação em 2010 vendeu três milhões de exemplares, convocaram uma *”grande”* manifestação no próximo domingo na praça da Bastilha, como parte do movimento que se estende pela Europa, embora timidamente por enquanto.
Segundo Benjamin Ball, o movimento atual aponta para uma *”coordenação maior”* entre as concentrações em Lisboa, Berlim, Londres e Roma.
Uma visão semelhante foi manifestada por alguns jornais franceses desta terça-feira.
O movimento de jovens espanhóis que há uma semana ocupam *”espontânea, pacífica e alegremente”* a madrilenha Porta do Sol poderá *”ser traduzido rapidamente para outras línguas europeias se os governos da União (Europeia) de esquerda e direita continuarem oferecendo aos seus cidadãos apenas a perspectiva infinita do rigor econômico”*, indica o Liberation.
*”Os espanhóis (….) indicam o caminho da insurreição”*, informou o diário comunista francês L’Humanité que, assim como o Liberation, dedica sua capa aos *”Indignados!”* e a uma *”rebelião que se estende para além das fronteiras”*.