**Por Luisa Fernanda López**
Dezenas de milhares de pessoas fogem para se salvar. Elas se concentram nas missões religiosas ou são acolhidas por famílias que mal lhes podem oferecer água e comida. Muitas vezes fogem para a Libéria sem levar nada. O Acnur estima que o número de pessoas se deslocando dentro do país seja de um milhão e que sejam aproximadamente 150 mil os que já cruzaram as fronteiras.
A Ação contra a Fome trabalha contra o tempo para adaptar os seus centros de acolhida à nova realidade e, o mais importante, para oferecer água potável e um mínimo de condições de higiene para evitar a propagação de algum tipo de epidemia. A organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) faz um apelo para os que estão envolvidos no conflito que garantam o acesso dos doentes e feridos aos centros médicos. Nos hospitais, são atendidos entre 30 e 40 feridos por dia. Além disso, o MSF denuncia que milhares de pessoas estão no meio do fogo cerrado.
**Geografia do deslocamento**
A história dos deslocamentos é a história da humanidade. No entanto, a crise que estamos atravessando , com milhares de pessoas fugindo de catástrofes naturais ou de conflitos políticos-militares, pode ser classificada como umas piores das últimas décadas.
A geografia do deslocamento e da fuga está concentrada especialmente no continente africano. Até o momento, apenas a crise na Líbia fez com que 440 mil pessoas fugissem para a Tunísia, o Egito ou países europeus banhados pelo Mediterrâneo. Um pouco mais adiante, os milhões que saíram do Sudão continuam vivendo em campos de refugiados. A Somália exporta refugiados e a apenas 80 quilômetros de sua fronteira, milhares de etíopes estão acampados, esperando, há mais de 20 anos, por uma solução para sua situação. À lista africana, somam-se Congo e Uganda.
Na Ásia, a situação não é menos preocupante. Os refugiados na Tailândia, os afegãos que fogem para o Paquistão, mais de um milhão e meio de iraquianos que se refugiaram na Síria e na Jordânia, além de outro milhão de pessoas que estão migrando internamente.
No continente americano, a atenção das agências humanitárias, mas não tanto da comunidade internacional, continua focada na Colômbia, com mais de três milhões de pessoas que se deslocaram por conflitos internos no país. Por último, o Haiti, onde cerca de 5 mil pessoas continuam vivendo acampadas, mais de um ano após o terremoto devastador.
**Refugiados e a mídia**
O Acnur calcula que, atualmente, 46 milhões de pessoas estão fora de suas casas em todo o mundo. Para atendê-las, a comunidade internacional destina cada vez menos recursos e parece apenas lembrar-se delas enquanto as câmaras de televisão estão presentes. Quando o país ou a região deixa de ser mediático, o interesse político desaparece e, segundo a porta-voz do Acnur da Espanha, María Jesús Vega, as agências humanitárias acabam ficando sozinhas atendendo às situações de crise, vendo-se forçadas a trabalhar com menos recursos e a reduzir programas.