Silo enfrentava há mais de um ano uma grave insuficiência renal com um consequente problema de pressão arterial. Segundo Tomás Hirsch, seu amigo há décadas e ex-candidato à presidência do Chile,“ele faleceu como alguém que não apenas não acreditava na morte, mas sobretudo considerava a vida como parte de uma transcendência”.
A Comunidade para o Desenvolvimento Humano, a Convergência das Culturas, o Centro Mundial de Estudos Humanistas, o Partido Humanista e o Mundo sem Guerras e sem Violência são organizações, entre outras frentes de ação, inspiradas pelo Humanismo Universalista, corrente de pensamento fundada por Silo e que convoca à luta contra toda forma de violência e discriminação, indicando a necessidade de uma transformação social e pessoal simultâneas baseadas na coerência e na solidariedade.
Sua primeira aparição pública aconteceu em 4 de maio de 1969, com a arenga “A Cura do Sofrimento”, em que lançou as bases para a formação do Movimento Humanista, em plena ditadura militar na Argentina. Dedicou-se ao estudo de Direito e de Ciências Sociais e, mais tarde aprofundou suas pesquisas em campos da psicologia e espiritualidade. Em 2002, lançou uma corrente espiritualista, denominada “A Mensagem de Silo”, que vem se espalhando por diversos países, inclusive no Brasil.
Com a notícia de seu falecimento, em pouco tempo, os humanistas se reuniam nos Parques de Estudo Reflexão – projeto lançado por Silo em 2002. Em países tão diferentes quanto Filipinas, Moçambique, Brasil, Alemanha, Bolívia, México, Espanha, Itália, Índia, Chile, Colômbia, Hungria e Estados Unidos, os ativistas se reuniram nesses espaços dedicados ao estudo, ao autoconhecimento e à não-violência para celebrar a vida de um homem cujas ações transcendem esse espaço e esse tempo.
Sua última aparição pública ocorreu no encerramento da Marcha Mundial pela Paz e Não-Violência, que partiu da Nova Zelândia, em 2 de outubro de 2009 e terminou em Punta de Vacas, Mendoza, Argentina, em 2 de janeiro de 2010. Essa ação inspirada por Silo transformou-se em uma grande mobilização planetária para exigir o desarmamento nuclear mundial, o fim das guerras, a retirada das tropas invasoras dos territórios ocupados, além de criar consciência sobre os diversos tipos de violência exercidos pelo sistema e a violência interna que precisa ser desarmada em cada um através do compromisso com a não-violência.
Sua obra inclui os títulos O Olhar Interior (1980), A Paisagem Interna (1981), Humanizar a Terra (1989), Experiências Guiadas (1989), Contribuições ao Pensamento (1991), Mitos, Raízes Universais (1991), Cartas a meus Amigos (1993), O Dia do Leão Alado (1993), Dicionário do Novo Humanismo (1996), Fala Silo (1996), Apontamentos de Psicologia (2006). Todos os livros estão disponíveis para download integral em diversos idiomas no site abaixo.
Texto: Ana Facundes – publicado na Ciranda – http://www.ciranda.net