Em meio a idas e vindas, menções da história das bases estadunidenses na zona e alguns mal-humores presidenciais, foi aprovado na tarde de ontem, 28 de agosto, o documento final do encontro de Unasur (União de Nações Sulamericanas) realizada em Bariloche. O tema central foi a polêmica instalação de bases militares dos Estados Unidos na Colômbia.
No documento final do encontro realizado na Argentina, foi pontuado que “Unasur promove o diálogo, a cooperação, a confiança e a transparência. També rechaça a presença de grupos armados e o narcotráfico, por isso, decide construir um compromisso mútuo de defesa e de paz, rechaçando o uso da força conseguido somente após quatro rodadas de tensas discussões entre os presidentes da região.
Em outro de seus pontos, o documento final do encontro defendeu “a não ingerência em assuntos internos dos povos para garantir a integração regional” e a defesa da “paz e a preservação dos recursos naturais”.
As diferenças entre os mandatários não foram atenuadas, mesmo com o empenho demonstrado por representantes do Brasil, Chile e Argentina para reduzir o tom da discussão e baixar o nível de comoção regional que provocou o recente pacto militar entre Estados Unidos e Colômbia.
Durante o debate, o presidente colombiano Álvaro Uribe, defendeu ferreamente a decisão de seu país de permitir que os Estados Unidos instalem bases militares em seu país para combater o narcotráfico.
Em uma coletiva de imprensa realizada após o término do encontro, a presidente Cristina Fernández de Kirchner e seu par do Equador Rafael Correa, ratificaram os avanços alcançados na Unasur e coincidiram que no encontro foi possível deliberar sobre temas que antes não eram tocados.
“O documento aprovado foi muito importante para começar a reconstruir a confiança através de mecanismos de verificação. Demos um passo importante porque esta reunião pública não voou pelos ares, apesar das posturas diferentes”, assinalou a mandatária argentina.
Por sua parte, o presidente do Equador Rafael Correa, afirmou que “é um passo adiante” haver debatido o tema das bases dos EUA na Colômbia” e disse que “não é que antes não havia conflitos, sempre estiveram, o que não havia antes era uma discussão tão franca”.
“Nunca antes havíamos discutido sobre as bases estrangeiras na América do Sul, e elas existiam por exemplo no Equador” e reforçou a criação de “critérios e normativas”.
Disse por outro lado que vê “muito difícil” reestablecer as relações diplomáticas com a vizinha Colômbia “antes de março”, mas sustentou que “é necessário reconstruir a confiança”.
Além disso, assinalou que “não é possível confiar na garantia jurídica” dos tratados e tomou como exemplo a invasão dos Estados Unidos ao Iraque ou o TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca).
“Do que serviu o TIAR quando ocorreu a guerra das Malvinas?”, disse Correa ao recordar que os Estados Unidos prestou assistência às forças britânicas no conflito bélico de 1982.