O primeiro protesto popular contra a atuação das milícias e grupos paramilitares, na zona oeste do Rio, aconteceu no último sábado, dia 20. A morte de dois jovens de um grupo católico foi o principal motivo que reuniu cerca de cem pessoas que levaram faixas e cartazes para pedir o fim da violência das milícias nos bairros da cidade.
Os estudantes Tales Alexandre Francisco, de 17 anos e Erik de Oliveira Ladeira, de 19, foram assassinados, e a polícia ainda não sabe o que aconteceu de fato. “Nossos filhos eram respeitados, queridos e foram encontrados com marcas de tortura e tiros na nuca”, declaram os pais dos rapazes assassinados.
Para marcar este dia, os manifestantes interditaram parcialmente por alguns minutos a Avenida Brasil, uma das principais vias de acesso à cidade. “Não queremos incomodar ninguém, mas apenas que as autoridades notem nosso drama”, disse Edgar Antônio Francisco Filho, pai de Tales.
O pai de Erik, Washington Luís Ladeira, fez um apelo aos vizinhos e moradores da região. “Queremos que as pessoas que viram alguma coisa liguem para o Disque Denúncia. Os assassinos não podem ficar soltos, isso pode acontecer novamente”.
O caso da tortura e morte dos jovens foi denunciado a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). No ano passado, a CPI das Milícias da Alerj denunciou a atuação das milícias como grupos de extermínio em regiões pobres onde também cometem extorsão de moradores e comerciantes.