2009, 26 de janeiro – Segundo projeções dos principais institutos de pesquisa bolivianos, mais de 60% dos eleitores aprovaram, ontem, em um referendo popular, a nova Constituição defendida pelo governo Evo Morales.
Uma das principais inovações da carta constitucional é a renúncia ao direito do Estado de recorrer à guerra como forma de resolução de conflitos internacionais. Desta forma, a Bolívia se torna um dos poucos países do mundo que não contam com a capacidade de recorrer a ações belicistas contra outras nações.
Além disso, a nova carta magna traz uma série de mudanças, tais como a eleição direta dos membros do poder judiciário e a introdução do estudo da não-violência no sistema educacional.
Leia mais:
*Um passo histórico no referendo da Bolívia: a renúncia do Estado ao uso da guerra*
**Entrevista a
Rafael de la Rubia**
Quero expressar nosso total apoio ao “SIM” no referendo convocado pelo governo do presidente Evo Morales Ayma, que continua mostrando com valentia um caminho que todos os presidentes de governos de boa vontade também deveriam seguir para sair do beco sem saída no qual nos encontramos em todo o mundo.
O fato de o governo de Evo Morales propor a renúncia à guerra na nova Constituição do Estado Boliviano é um grande passo que mostra, além de uma visão de futuro, um forte compromisso com o povo boliviano e com todos os povos oprimidos da Terra. É uma proposta histórica, similar à renúncia da vingança pessoal, ao olho por olho, que estabeleceu um direito pessoal que depositou nas mãos dos poderes públicos o exercício para zelar pela segurança pessoal dos cidadãos.
Seguindo o que vêm indicando os especialistas, com experiência no assunto, como Mikail Gorbachov entre tantos outros, os Estados devem renunciar à guerra como mecanismo para resolver conflitos. No alvorecer do terceiro milênio, a guerra representa um comportamento primitivo! Será dotando as Nações Unidas de capacidades mais altas que os Estados que isso será alcançado.
Parabenizamos Evo Morales e seu governo e desejamos que esta aspiração se concretize com um resultado positivo na consulta popular.
Nós, da coordenação internacional das associações “Mundo sem Guerras”, apoiamos totalmente esta proposta e vamos além: incorporando-a em nossas campanhas para pressionar que se siga o mesmo exemplo em outros países.
Caminhamos em direção à Nação Humana Universal, em que as guerras deixam de existir. Trabalhamos para que esse futuro chegue o quanto antes. Para isso, estamos convocando todos os povos à realizarem a “Marcha Mundial pela Paz e pela Não-Violência”, que percorrerá todo o planeta pedindo o fim das guerras no mundo.
* Rafael de la Rubia é fundador da associação Mundo sem Guerras Internacional e coordenador da “Marcha Mundial pela Paz e pela Não-Violência”.*